Opinião

O furo que ninguém quer

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O furo que ninguém quer vai começar, em Setembro, a funcionar em Aljezur. E, por isso, algumas manifestações timidamente ensaiadas e sessões mais ou menos organizadas começam a dar voz à população e a alertar para este atentado à qualidade ambiental de todo o Algarve e, particularmente, da sua faixa litoral. 

Foi o que aconteceu, ao fim da tarde de 29 de junho, no auditório da Câmara Municipal de Lagos. Com organização da Associação Intermunicipal das Terras do Infante, o furo no mar de Aljezur foi objecto de análise por peritos que o contestaram e por todos os presentes que acharam vir constituir um atentado ao ambiente, à economia e à qualidade de vida de toda a região algarvia.

No que à exposição dos oradores convidados diz respeito, veio-se a concluir o que, a nível universal, é um dado adquirido e, por isso mesmo, deve ser defendido, com ênfase particular, por todos os agentes políticos. Os hidrocarbonetos estão a contaminar o nosso habitat e a colocar em perigo a vida de toda a terra. Por isso, todo o movimento, a nível global, é pela implantação de energias limpas e pela abolição dos hidrocarbonetos.

Este desiderato que deveria unir os homens sem excepção, ainda tem em Portugal quem, contra os ventos da história da vida, ouse regressar aos tempos da contaminação. É o que se passa com o nosso Primeiro Ministro, com o Ministro dos Negócios Estrangeiros, com o Ministro do Ambiente, com o Presidente da Agência Portuguesa do Ambiente e com muitos mais conforme os oradores demonstraram nas suas exposições.

Em face do perigo que este furo que ninguém quer ou quase ninguém quer, conforme frisaram os oradores, é necessário levantar-se a classe política a nível regional e, consigo, arrastar a população para um clamor que cause turbulência, que ponha em desassossego quem nos está a governar e que, em nome do bem comum, consiga travar esta calamidade para a economia e qualidade de vida de Aljezur e de todo o Algarve.

Mas, na verdade, vemos uma classe política a nível regional sem estratégia e com algumas posições timidamente assumidas e meio envergonhadas. Se assim não fora, a AMAL teria desenhado um plano de actuação, os municípios reforçariam individualmente e em conjunto toda essa intervenção e os deputados, na Assembleia da República, transformariam este furo de prospeção num problema que atinge o coração de todo o país.

Mas o que constatamos? Os municípios a ver o tempo passar e o furo a aproximar-se. Os deputados num silêncio confrangedor e os políticos em geral a estarem a passar ao lado de um problema que atinge a nossa qualidade, que nos faz retroceder e que leva a que o Algarve, como é, deixe de o ser. E, perante isto, os nossos políticos deixam de nos representar e pouca ou nenhuma legitimidade ostentam quando passam ao lado de problemas com tamanha dimensão e que vão determinar o futuro de uma região como o é a do Algarve.

Este foi o sentimento geral que passou pelo auditório da Câmara Municipal de Lagos, na tarde de 29 de junho, ao debater o furo que ninguém quer se exceptuarmos, por decisão ou por omissão, muitos dos nossos políticos. Entre eles não se encontram os da Associação Intermunicipal da Terras do Infante que organizaram este debate.

(Opinião, Guedes de Oliveira)

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