O maior do Portimonense foi o Cadorin
O entusiasmo que se tem vivido, nos últimos tempos, com a perspectiva do Portimonense subir à I Divisão, fez-me lembrar os anos 80 em que a equipa media forças com os maiores do futebol português.
Na altura era adepto de bola – entretanto, a febre foi passando – ainda fui sócio durante uns anos e até deu para ver uns bons jogos e ver em acção excelentes jogadores.
Um dos que me lembro é do Vítor Oliveira, o actual treinador do Chaves, que, provavelmente, com o empate deste Domingo, deu a machadada final na possibilidade do Portimonense voltar à I Liga.
Era centro-campista, um gajo um bocado pesado, mas que fazia grandes e certeiros passes de longa distância. É claro que teve sorte em ter jogado à bola nessa altura, porque, se fosse hoje, provavelmente era preso caso fosse apanhado a fazer passes de 20, 30 ou mais metros. Agora, os centro-campistas só podem jogar para trás e para o lado. Muito de vez em quando lá conseguem uma especial autorização para fazer um passe ‘louco’ de dez metros para a frente…
Desses tempos, também me vem à memória o nome de Vítor Damas, que passou pelo Portimonense na fase final da sua carreira, mas que continuava a defender bem como o caraças e a dar espectáculo.
Outro craque foi o Guetov, um búlgaro que dava a sensação de estar sempre a coxear, mas tinha uma visão de jogo brutal, punha a bola onde queria e marcava livres directos como ninguém.
E depois, claro, havia o Cadorin, um avançado belga cuja velocidade punha a cabeça em água a qualquer defesa. E não estava cá com invenções, nem com tretas de fazer mais um passe ou mais um drible. Desde que visse uma nesga da baliza, rematava de primeira e acertava muitas vezes. Insubmisso, irreverente, dizia-se que era grande apreciador dos ambientes nocturnos da Praia da Rocha, o que nunca o impediu de dar o máximo em campo e de salvar o Portimonense vezes sem conta.
Sei que entre os sócios e adeptos há grande divisão. Uma facção grande considera que Guetov foi o melhor jogador que já passou pelo Portimonense. Eu balanço um bocadinho, mas acabo por votar no Cadorin.
E confesso que tenho algumas saudades desse tempo. Quanto mais não seja porque tinha para aí uns 30 anos a menos. Estou velho, porra.
(Opinião, Jorge Eusébio)
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