Recordar o Mercado da Verdura
A decisão de construir um novo Mercado de Frutas e Hortaliças de Vila Nova de Portimão no Largo do Pelourinho, adjacente ao Rossio, foi tomada em 1913, tendo sido inaugurado no dia 24 de Maio de 1914, no mesmo dia que o Matadouro Municipal.
A decisão de construir este equipamento neste local gerou tanta ou mais polémicas, como a decisão de o mandar demolir em finais do século XX.
Segundo as Actas de Vereação, a edificação deveria respeitar o afastamento de 15 metros em relação à Igreja do Colégio e estar alinhada com o cunhal da casa das senhoras Branquinhos. No entanto, nem todos gostaram da ideia de ver aquele espaço de reunião e festa ocupado com um imóvel de tamanha dimensão.
Na reunião da Comissão Executiva Municipal, consta que “o cidadão administrador do concelho, pedindo a palavra, disse que muito desejava que nesta acta ficasse consignado um voto de protesto que ele em seu nome e no das Comissões do Partido Democrático, desta localidade, fazem contra a edificação do projectado mercado de Frutas e Hortaliças em frente ao edifício do Colégio de São Camilo, desta referida vila, cujo edifício vai ficar altamente prejudicado com a citada construção no aludido lugar.”
Apesar dos protestos do próprio administrador, o mercado foi efectivamente construído, originando uma alteração profunda no circuito comercial de Vila Nova de Portimão e criando uma nova dinâmica comercial, que veio a ser complementada com a inauguração da Estação de Caminho-de-Ferro na década seguinte.
No interior do edifício do mercado, encontravam-se os vendedores com lugar cativo, tendo-se ainda fixado barbearias e talhos, enquanto no exterior, aos domingos, se juntava uma verdadeira feira de produtores, vendedores ambulantes e artesãos.
Embora tivesse uma valência comercial, o mercado viria a ser animado por bailes populares, como aqueles que se realizavam ao som da Troupe Jovial Jazz.
À semelhança do que acontecia com os demais grandes edifícios municipais, destinados ao comércio, a exploração do Mercado de Frutas e Hortaliças não era gerida directamente pelo Município, sendo o mesmo arrendado anualmente por hasta pública. Para o ano de 1922, o valor da arrematação foi de 2550$00, feita pelo cidadão Manuel Gervásio. (in Portimão Cidade com História, Nuno Campos Inácio, Arandis Editora, 2012)
O edifício ficou destelhado em consequência do grande ciclone de 15 de Fevereiro de 1941.
Devido à sua dimensão reduzida, foi construído no quarteirão em frente um novo mercado, que recebeu os vendedores de pescado e de verduras, estes últimos vendendo a céu aberto.
Os dois edifícios foram destruídos para criar a actual Alameda. A sua destruição gerou tanta polémica como a decisão de construção.
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