“Golpe de Estado à brasileira” contra Portugal está suspenso mas não esquecido
O antigo líder do PCP Carlos Carvalhas considera haver “grandes probabilidades” do mundo estar a aproximar-se de uma nova “crise financeira despoletada por bancos e companhias de seguros”, ainda mais devastadora do que a de 2007.
Falando num jantar promovido pelo Rotary Club da Praia da Rocha, Carlos Carvalhas acusou os bancos de terem utilizado muita da liquidez que os contribuintes nela colocaram “não para impulsionarem a economia, mas para continuarem com as mesmas políticas especulativas.”
Quanto a Portugal, considera que o Governo de António Costa está na mira de uma espécie de “golpe de Estado à brasileira, cínico, frio, calculado, de pantufas.” Mal tomou posse, como a sua política “não é do agrado dos sectores mais conservadores da União Europeia”, começou essa campanha conduzida, entre outros, pelo ministro das Finanças da Alemanha, que veio agitar o fantasma de um novo resgate. O mote foi agarrado por alguma comunicação social internacional “ligada à Alemanha” e por outros altos responsáveis europeua.
Esta campanha acabou por ser suspensa devido a factores como o Brexit e a crise dos refugiados. Isso “levou-os a pensar que uma crise em Portugal, com estas condições, com eleições alemãs à porta, seria complicado”. Mas, “que o golpe estava preparado, estava” e, alerta, não foi colocado de lado, apenas ficou à espera de melhores condições para ser levado à prática.
Carlos Carvalhas também defendeu que a política que nos impuseram não é de “austeridade”, mas sim de “concentração de riqueza” nas mãos de uma parte pequena da população e de “empobrecimento” da esmagadora maioria dos portugueses.
Neste altura, o país está confrontado com “dois grandes garrotes a que há que dar resposta: o da dívida e o do Euro.”
No que diz respeito à dívida, defende que ela há muito deveria ter sido renegociada. Quanto ao Euro, admite que “é uma moeda simpática”, que nos permite andar por uma série de países europeus sem necessidade de trocar divisas.
Mas, “é uma fonte de divisão entre os países da União Europeia, pelas contradições que gera, é um factor de empobrecimento para os países com economias mais débeis e de liquidação do Estado Social e de agravamento da situação social que alimentação a xenofobia e a ascensão da extrema direita.” Por tudo isto, defende “uma saída negociada do Euro.”
(Foto: Ricardo Coelho)
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