Hugo Pereira e o futuro da presidência da Câmara de Lagos
Em entrevista ao Algarve Marafado, o vice-presidente da Câmara de Lagos e presidente da concelhia local do PS, Hugo Pereira, diz que a possibilidade de vir a ser candidato à presidência da autarquia “em momento algum foi colocada em cima da mesa”, até porque, lembra, a atual titular do cargo, Joaquina Matos, ainda tem a possibilidade de fazer mais um mandato. No entanto, garante não “voltar as costas ao concelho” se um dia o PS decidir que deve ser ele o candidato.
Leia aqui a 2ª parte da entrevista e aqui a 3ª
Algarve Marafado (AM) – Quando foi convidado para integrar, pela primeira vez, a lista do PS à Câmara de Lagos pensou que seria um serviço esporádico, por um ou dois mandatos, ou tinha já por objetivo vir a suceder a Joaquina Matos, como tudo indica que vai acontecer?
Hugo Pereira (HP) – Nada indica que isso vá acontecer. Em momento algum essa questão foi colocada em cima da mesa. Fui convidado para um mandato de quatro anos e, devido a ter uma vida profissional estabilizada, levei um certo tempo até aceitar. Mas, depois de alguma insistência e de ter avaliado o convite, acabei por fazê-lo. Na altura, nem sequer foi colocada a questão de ir em 2º ou 3º lugar. A candidata é que fez questão que eu fosse o seu número 2.
Mas o convite era exclusivamente para o mandato que se iniciava em 2013 e tem sido sempre assim, ou seja, não há aqui nenhum trabalho preparatório para um futuro que esteja pensado. É mandato a mandato. No próximo, tudo estará em aberto. E quem sabe se não será novamente candidata a Presidente Joaquina Matos que ainda pode, legalmente, fazer mais um mandato. Na eventualidade de não ser ela, o Partido Socialista de Lagos terá de escolher quem será o candidato. O facto de ser eu o atual número 2 não implica que seja necessariamente o próximo nº 1.
AM – Mas agora tem todas as portas franqueadas. Além da vice-Presidência da Câmara, é presidente da Comissão Política Concelhia do PS. Não enjeitará esse convite caso ele venha a ser feito?
HP – Não ponderei sobre esse assunto nem o PS fez ainda essa discussão. A seu tempo, se o problema se colocar, esse debate terá lugar. Se tiver de passar por mim, se o PS assim o decidir, irei avaliar se devo ou não ser o candidato. Posso dizer que, da mesma maneira com que, na altura, me disponibilizei, depois de algum tempo de reflexão, também agora não iria voltar as costas ao concelho. Aqui nasci, aqui vivi e, se for esse o caso, procurarei dar o meu melhor contributo. Mas, neste momento, não há candidato. O Hugo Pereira não é candidato à Câmara de Lagos.
De qualquer forma, o PS apresentará sempre o melhor candidato e um grande candidato para continuar à frente da Câmara.
AM – Mas a vida política vai ser o seu futuro. Não pensa, de novo, regressar à administração hospitalar?
HP – Neste momento, tudo está em aberto.
AM – O seu pai tem já tradição nos meandros da política partidária de Lagos. E, como em tudo na vida, há sempre vantagens e inconvenientes. Essa situação traz-lhe mais vantagens ou inconvenientes?
HP – Não penso que me traga vantagens ou inconvenientes. O meu pai nunca teve qualquer intervenção naquilo que me diz respeito. Sempre foi muito ativo e continua a sê-lo, embora antes mais do que agora. Mas fá-lo por convicção e não com o sentido de pode vir a obter benefícios diretos ou indiretos. Sempre atuou em prol do concelho e não em benefício próprio ou de familiares. E foi essa a mensagem que passou para a família e para os filhos em particular. Estar nos sítios para servir e não para se servir é o seu lema e é o que nos transmite.
É fácil criar-se algum ruído sobre essa situação. Mas, por exemplo, quando eu fui convidado para integrar a lista do PS, ele foi das últimas pessoas a saber. Não teve qualquer intervenção nem no convite nem na minha decisão de o aceitar. A professora Joaquina Matos quando me foi convidar não foi por ser filho de quem sou. Fê-lo porque via que eu reunia as condições para poder ajudá-la.
Retoma no imobiliário ajudou a reverter a situação financeira da autarquia
AM – No que diz respeito à vida partidária, em Lagos, o panorama parece estar algo adormecido. Será por os ventos estarem a correr de feição ao PS e não ser conveniente levantar muitas ondas?
HP – É uma maneira de ver as coisas. Na verdade, acho que nem tudo está assim tão adormecido. Temos regularmente reuniões da Comissão Política, estamos a preparar uma Assembleia de Militantes, já tivemos outra no final do ano passado, bem como um jantar de Natal que reuniu quase uma centena de pessoas. Temos discutido nesses encontros a cidade e as questões partidárias. Todo este tipo de intervenção não tem sido muito virado para a população mas não é por não sentirmos falta ou por pensarmos que tudo está a correr tão bem que não há necessidade de outro tipo de atuação.
A razão prende-se com o facto dos dias serem muito curtos e também por muitos militantes pertencerem a órgãos autárquicos, quer na Câmara, quer na Assembleia Municipal, quer nas Freguesias. E estão de tal modo empenhados e atarefados com os seus afazeres que acabam por sacrificar as ações puramente partidárias.
Mas devido à nossa intervenção, enquanto autarcas, acabamos por estar presentes em quase tudo o que se faz no concelho e de estar perto das pessoas. De qualquer forma, procuramos ter, dentro do partido, equipas e fazer debates na Comissão Política e nas Assembleias de Militantes que nos ajudem e nos chamem à atenção para aquilo que corre menos bem.
Também temos procurado ter alguma representação nos órgãos nacionais e regionais do partido para que Lagos seja uma voz presente em todos esses fóruns.
AM – Veio para a Câmara de Lagos com um bom curriculum de economista e com uma boa experiência na gestão hospitalar. A recuperação económica da Câmara teve também muito a ver com esse seu conhecimento e essa sua experiência que trazia consigo?
HP – Houve um trabalho de equipa. E, a partir em 2013, quando começámos, foram feitas algumas alterações ao nível da gestão que ajudaram em muito a alterar a situação financeira, que era desfavorável.
Em conjunto com isso houve uma retoma da economia, sobretudo na vertente imobiliária. E, obviamente, também contribuiu favoravelmente para melhorar o panorama financeiro da autarquia.
Dizer que foi só por minha responsabilidade, não direi. Trata-se de um trabalho de equipa. Mas é óbvio que sou eu que tenho a responsabilidade e a competência nas áreas do aprovisionamento e financeira. Considero, por isso, que o mérito pode ser em parte meu. Mas é também em parte da estrutura, dos meus colegas do executivo e de toda a Câmara que nos ajudou a implementar essa nova estratégia que resultou. E, assim, a autarquia, desde 2016/2017, reverteu o panorama que vinha de trás. Hoje, felizmente, transpiramos uma situação financeira que nos permite colmatar algumas necessidades urgentes, quer na parte da habitação, quer na de infraestruturas, quer na educação e no apoio às atividades desportivas e culturais.
Leia aqui a 2ª parte da entrevista e aqui a 3ª
(Entrevista, fotos e vídeo: Guedes de Oliveira/Algarve Marafado)
Leia a 2ª parte da entrevista:
“Este, sim, vai ser um mandato com condições para se fazer obra”
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