Cultura

Museu de Portimão esteve para ser instalado no antigo mercado, que acabou por ser demolido

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(Texto originalmente pelo Portimão Jornal, que pode ler na versão impressa ou online, aqui)

O Museu de Portimão era para ser instalado no antigo mercado da cidade, que existia na Alameda da Praça da República.

Essa foi a ‘morada’ inicialmente pensada pela comissão instaladora, diz José Gameiro, que esteve envolvido em todo o processo e que viria a dirigir aquele equipamento cultural até 2014. A razão para isso prende-se com o facto de o mercado se situar no centro da cidade e “ser representativo dos cruzamentos sociais mais relevantes do nosso território e da nossa identidade”.

Aquele espaço acabaria, contudo, por ser demolido, pelo que houve necessidade de se encontrar um local alternativo, tendo-se optado por uma fábrica de conservas.

A primeira a ser considerada “foi a do Severo Ramos, situada entre pontes, junto aos antigos estaleiros”. Essa possibilidade não se concretizou, pelo que a Câmara avançou, então, para o edifício da antiga fábrica Feu Hermanos, que acabaria por ser adquirido em 1996.

Património do concelho em risco

José Gameiro, que continua ligado ao museu, mas agora em regime pro-bono, como diretor científico, recorda que a necessidade da sua criação começou a fazer-se sentir no início da década de 1980.

Por essa altura pertencia ao Grupo dos Amigos de Portimão, uma associação que tinha “gente inspiradora, como, entre muitos outros, o arquiteto Vicente de Castro, o meu colega professor Jaime Palhinha, entusiasta do nosso património histórico e arqueológico, o João Tavares, grande bibliófilo camoniano, e o Júlio Bernardo, que através do seu olhar fotográfico me permitiu o reencontro com a identidade das gentes deste mar e desta terra”.

Todos eles manifestavam grande preocupação por haver o risco de se perder muito do património e da documentação industrial, social e cultural do concelho. Isto porque se assistia ao “encerramento das últimas fábricas de conserva, a que se juntava o impressionante espólio arqueológico subaquático que, desde o fundo do Rio Arade, em resultado das dragagens em curso, enchia as nossas praias, com séculos de história associados aos milhares de artefactos e moedas a serem lançados pela tubagem das dragas”.

Presidente decide na rua

Havia, portanto, necessidade de salvar e guardar todo esse património e para isso nada melhor do que ser criado um museu.

Foi isso mesmo que José Gameiro disse ao então presidente da autarquia, Martim Gracias, em 1983, “numa altura em que, por acaso, o encontrei em frente ao edifício da Câmara”. Ele ouviu e respondeu-lhe, de imediato: “está bem, Gameiro, então ficas encarregado de arranjar uma comissão instaladora”.

Em abril desse ano, tal decisão foi formalmente tomada pelo executivo autárquico e deu-se a constituição da comissão, a qual “era coordenada por mim e composta por Jaime Palhinha e Alberto Piscarreta, em regime de voluntariado”. Os três tinham à sua frente “uma espécie de quadro em branco e era um grande desafio desenhá-lo”, ou seja, decidir o que seria o museu.

Numa primeira fase, “as reuniões decorriam no 1º andar de um edifício localizado perto das piscinas”. Mais tarde, a sede da comissão passaria para a cave de um prédio situado junto ao mercado 25 de Abril, onde a equipa começou a crescer e ficou instalado, durante muitos anos, o centro de documentação.

O processo foi-se desenvolvendo, o ‘desenho’ do que seria o museu foi ficando cada vez mais nítido e, cerca de um ano após a compra da antiga fábrica Feu Hermanos, a autarquia criou, então, uma Divisão de Museus, Património e Arquivo Histórico, designando José Gameiro como seu principal responsável, agora a tempo inteiro.

Investimento de 10 milhões de euros

A cerimónia de consignação e lançamento da obra que haveria de tornar a velha fábrica no museu teve lugar em 27 de agosto de 2004 e a sua inauguração deu-se cerca de quatro anos mais tarde, em 17 de maio de 2008.

O investimento necessário ascendeu a praticamente 10,5 milhões de euros, metade dos quais resultantes de uma candidatura ao Programa Operacional da Cultura.

Daí para cá, aquele espaço museológico transformou-se num sucesso, sendo um dos mais visitados do país e recebendo diversas distinções importantes, entre as quais se destaca a de Museu Europeu do Ano 2010.

Valeu, portanto, a pena este longo percurso, que, faz questão de frisar José Gameiro, teve origem no “espírito voluntário e desinteressado de cidadãos”.

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