Ministra visita Geoparque Algarvensis
O primeiro marco material do aspirante a Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira foi inaugurado esta sexta-feira, na vila de Salir, numa cerimónia que contou com a presença da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa.
A escultura, da autoria de Pedro Cabral Santo e Nuno Esteves da Silva, representa o Metoposaurus Algarvensis (um anfíbio semelhante a uma salamandra gigante), um achado geológico único na paleontologia mundial que inspirou este projeto, e é agora uma imagem aglutinadora do território que quer ser reconhecido pela UNESCO como “Geoparque Mundial”.
A cor avermelhada característica dos grés de Silves deste elemento de arte urbana traz um novo colorido à paisagem do barrocal. Os 10 metros de um trabalho em betão no meio de uma rotunda são agora um motivo de curiosidade sobre o projeto. “Uma obra provocadora”, como referiu a ministra, e que cumpre o objetivo: “Que as pessoas se questionem, tenham curiosidade, que investiguem”.
Já Vítor Aleixo, presidente da Câmara de Loulé, destacou “a forma brincalhona e até um pouco infantil com que a imagem científica foi reproduzida”, o que de certo será importante para captar a atenção dos mais novos para o projeto.
Depois de um dia a percorrer o território, iniciando em Messines, seguindo para Paderne e encerrando esta visita em Salir e Querença, a ministra da Coesão Territorial fez “um balanço muito positivo” do que viu e do que se espera deste aspirante a Geoparque com a chancela da UNESCO. Desde logo, enalteceu “o envolvimento e compromisso de três autarcas de cores políticas diferentes que, num ano eleitoral, põem os interesses da população e valorização do território acima de qualquer partidarismo”.
Conhecedora das várias candidaturas portuguesas que têm sido objeto de avaliação como “Geoparque Mundial”, Ana Abrunhosa referiu que, neste momento, é fundamental a consciencialização de quem habita o território. Para a responsável não basta preservar e conservar, é fundamental viver o território.
“Tudo o que é abandonado degrada-se. Temos que ter um desenvolvimento sustentável que permita que haja atividade humana, turismo, indústria, artesanato, que permita que as pessoas tenham qualidade de vida nestes territórios, mas preservando o seu património”, explicou durante uma sessão de apresentação do projeto na Fundação Manuel Viegas Guerreiro, em Querença.
Ana Abrunhosa destacou o aspirante algarvensis como “um bom exemplo de coesão territorial entre o litoral e o interior do Algarve e um fator de desenvolvimento harmonioso”. “O turismo é muito bom, mas também é muito importante que no Algarve tenhamos outras atividades económicas. Nada melhor do que termos atividade económica baseada na cultura, no património e na identidade. Isso também é diversidade e é coesão”, disse ainda a Ministra.
Vítor Aleixo, em representação do Município de Loulé, não quis deixar de sublinhar a necessidade do envolvimento das pessoas nesta “aspirantura” e que estas possam aperceber-se “do diamante que têm aqui entre mãos”.
Num território marcado pela quebra demográfica e estagnação económica, o presidente da Câmara de Loulé é da opinião que este projeto será capaz de “inverter essa tendência” e que esta será “uma proposta bem articulada onde cabe a ciência, a cultura material e imaterial”.
“Tudo o que é valioso está lá, só temos agora que nos unirmos e trabalhar para valorizar esta riqueza absoluta de valores ambientais e culturais e promover tudo isso”, disse, referindo elementos que agregam este aspirante: desde logo o geossítio de importância mundial que é a jazida onde foi encontrado o Metoposaurus algarvensis, os valados de pedra dos serros que invadem esta paisagem, a biodiversidade, as técnicas e ofícios ancestrais como a empreita ou o fabrico da aguardente de medronho, a escrita do sudoeste, o folclore, os percursos ao longo da natureza, as ribeiras, entre muitos outros.
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