A vida fez-se para pedalar
(1ª parte de uma reportagem que também pode ler na edição impressa do Portimão Jornal ou online, aqui)
Leia a 2ª parte aqui
A vida de António Torrado tem estado, praticamente desde sempre, ligada às bicicletas a pedal.
Conta que começou a participar em provas de duas rodas “aos seis anos de idade”. O ‘bichinho’ ficou, foi evoluindo e levou-o a participar em competições cada vez mais exigentes e com bons resultados, tendo sido federado até aos 19 anos.
Por essa altura, o azar acabou por bater-lhe à porta sob a forma de um acidente que lhe provocou a fratura de uma perna, mas isso não foi suficiente para deixar para trás a sua paixão de sempre.
Resolveu então tirar o curso de treinador e ligou-se a vários clubes de ciclismo, alguns já existentes e outros que ajudou a fundar. Passou, então, a transmitir os seus conhecimentos a jovens que começavam na modalidade e a outros que já competiam a sério.
Como este não é um desporto com muitos meios, muitas vezes acumulava a função de treinador com as de massagista, técnico de manutenção, enfim, “fazia o que fosse preciso”. Inclusivamente, andava com fogão e frigorífico na carrinha para poder confeccionar as refeições dos seus ciclistas.
Isto porque “as provas dos escalões mais jovens começavam logo por volta das 11 horas, pelo que havia a necessidade de lhes preparar as refeições com tempo para fazerem a digestão, e como a essa hora os restaurantes ainda não estavam abertos, tinha também de me ‘armar’ numa espécie de cozinheiro”.
Apoio aos craques que correm na Volta ao Algarve
Essa experiência permitiu-lhe que, numa fase posterior, passasse a acompanhar provas de ciclismo, mas dando assistência técnica aos ciclistas. Uma das competições em que participa nessa condição é a Volta ao Algarve, onde está integrado na equipa de apoio neutro, que apoia ciclistas de qualquer equipa.
Por exemplo, quando há a queda de um corredor que não tem o carro da sua equipa junto a si, é António Torrado e os seus colegas que o vão ajudar. O mesmo acontece quando há furos, avarias ou é necessário mudar uma roda, a corrente da ‘viatura’ ou qualquer outra componente da bicicleta.
Por exemplo, na edição deste ano, uma das quedas mais mediáticas foi a do português Rui Costa, que era um dos favoritos. O infortúnio aconteceu na etapa da Fóia, António Torrado foi o primeiro a chegar ao corredor e, de imediato, apercebeu-se que a situação não iria permitir que o antigo campeão do Mundo se mantivesse em prova, o que, infelizmente, veio a confirmar-se.
Este tipo de trabalho, que é pouco visível para o grande público, mas muito importante para os ciclistas, exige uma planificação ao pormenor, um sentido de ‘colocação’ entre os outros carros da corrida muito preciso, uma atenção constante e muita rapidez quando é preciso intervir.
Há que ter sempre a perceção de que o atraso de uns segundos na assistência a quem se depara com um problema técnico pode ter impacto imediato na classificação da etapa ou da geral.
Ao longo dos 13 anos que leva de ligação à Volta ao Algarve tem prestado apoio a alguns dos melhores corredores do mundo pois a prova é composta por um pelotão de luxo, uma vez que faz parte do circuito das grandes equipas internacionais.
António Torrado diz que isso se deve ao facto de – com exceção desta edição, devido à pandemia – “a Volta ao Algarve se disputar no início de cada ano, sendo, portanto, uma boa oportunidade para os atletas começarem a sua preparação”.
O traçado da prova, com “etapas muito diversificadas, umas para os sprinters e outras para os trepadores” também ajuda, tal como o bom tempo que se faz sentir na região, em comparação com as condições meteorológicas adversas que, nessa altura do ano, existem em muitos países.
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(1ª parte de uma reportagem que também pode ler na edição impressa do Portimão Jornal ou online, aqui)
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