As aventuras políticas de João Vieira
1ª parte de uma reportagem com João Vieira, que foi, até ao passado dia 11, presidente da Assembleia Municipal de Portimão. A 2ª parte está disponível aqui. Pode também ler este texto na edição em papel do Portimão Jornal ou online, aqui.
A vida política de João Vieira está ligada ao PS desde o 25 de Abril de 1974. A maior parte da sua atividade foi desenvolvida na Assembleia Municipal, durante muitos anos como chefe da bancada socialista e nos últimos seis como presidente daquele órgão autárquico. Um percurso que terminou na passada segunda-feira, 11 de outubro, quando deu posse aos novos eleitos autárquicos.
A sua subida à presidência daquele órgão ocorreu “em circunstâncias muito difíceis e penosas para mim, para os meus camaradas e, de certeza absoluta, até para os nossos adversários políticos, o da morte do meu amigo Francisco Florêncio”, o homem que, na altura, exercia o cargo.
Como é regra na Assembleia Municipal, foi escolhido através de votação interna. Nas eleições seguintes apresentou-se ao eleitorado a encabeçar a lista do seu partido para a Assembleia Municipal e, logo aí, garante que “assumi que no final do mandato me retiraria”.
Essa ‘promessa’ foi cumprida a 26 de setembro último. Por vontade própria, não era o seu nome que aparecia no topo da lista do PS, mas o da advogada Isabel Guerreiro, que se tornou a sua sucessora.
João Vieira diz ter gostado de exercer aquele cargo, apesar de muitas das sessões que dirigiu terem sido difíceis e até turbulentas, sobretudo no relacionamento com alguns dos eleitos da bancada Servir Portimão.
Uma escolha de candidato surpreendente
O autarca diz que, como lhe competia, “sempre tive uma atitude de defesa da Assembleia Municipal e das respetivas bancadas no relacionamento com a Câmara”, o que, por vezes, provocava alguma ‘fricção’ política entre eleitos do mesmo partido mas de órgãos diferentes.
Apesar disso, deixa muitos elogios à presidente da Câmara, Isilda Gomes, “uma grande mulher, que ultrapassou grandes dificuldades políticas e pessoais e que sempre terá o meu apoio naquilo que eventualmente precisar”.
Lembra que, no primeiro mandato, “a autarquia não tinha dinheiro para nada, era muito difícil dar a volta à situação que a equipa liderada pela Isilda encontrou e a verdade é que isso foi conseguido”.
Os problemas financeiros vinham do passado, sobretudo dos últimos anos da governação de Manuel da Luz. Recorda as muitas e ferozes críticas que a oposição fez na altura e ao longo dos anos seguintes à política desenvolvida nessa fase, pelo que “estranho que o CDS tenha, nestas eleições, apresentado Luís Carito como seu candidato”, uma vez que era o vice-presidente e responsável pelas finanças da autarquia.
Nessa altura, João Vieira tinha como função defender, na Assembleia Municipal, o seu partido. No entanto, a nível interno, admite que nem sempre as coisas eram pacíficas e diz que com alguma frequência questionava a orientação que estava a ser seguida. Inclusivamente, lembra que num dos últimos anos do mandato de Manuel da Luz, juntamente com outros elementos da sua bancada, recusou-se a votar favoravelmente o orçamento até que dele fossem retiradas opções como, entre outras, a privatização de parte da Empresa Municipal de Águas e Resíduos de Portimão (EMARP).
Adianta também que “estive para sair da Assembleia, mas alguns camaradas convenceram-me a ficar” e que, por entender que aquele não era o rumo certo para o concelho, se envolveu na procura de uma outra solução que não passasse pela apresentação de Luís Carito como candidato do PS.
A escolha, que considera acertada, acabou por recair em Isilda Gomes, que avança agora para o seu terceiro e último mandato. Olhando para os elementos que a acompanham na Câmara, João Vieira está convencido que “as coisas vão correr bem, temos gente de valor no executivo e muita obra para executar e concluir neste mandato”.
Leia aqui a 2ª parte da reportagem: Negociação com a pistola em cima do balcão
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