Política

Ilídio Martins: O único homem que conseguiu ‘roubar’ a Junta de Portimão ao PS

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Ao longo da sua vida, Ilídio Martins desenvolveu muitas atividades, mas, garante, “aquela de que mais gostei foi a de presidente da Junta de Freguesia de Portimão”.

Conquistou o cargo nas eleições de 1989, à frente da lista do seu partido de sempre, o Partido Social Democrata (PSD), tendo sido, até agora, o único a conseguir ‘roubar’ essa autarquia ao Partido Socialista (PS).

Confessa que, “aí a meio da campanha eleitoral fiquei convencido que ia ganhar”. Para isso contribuíram as reações muito positivas que encontrava na rua e a adesão de um elevado número de pessoas que sabia nunca terem votado no PSD.

Em determinada altura, deparou-se até com um homem que lhe prometeu que “ia a Fátima a pé se eu derrotasse o PS”. Acabou por não saber se cumpriu a promessa, mas aquela foi uma frase que nunca mais esqueceu e que lhe deu alento para o resto da campanha.

O forte élan que os social-democratas conseguiram criar e a forma algo ‘preguiçosa’ como o PS encarou o ato eleitoral, provavelmente por entender que não era preciso fazer grande esforço para conseguir a vitória, levaram a que aquelas fossem as eleições mais renhidas de sempre no concelho.

Foi nesse ano que, pela primeira vez, um jovem chamado Carlos Martins concorreu à presidência da Câmara para tentar desalojar do cadeirão presidencial o experiente Martim Gracias.

Morrer na praia

A campanha correu bem e, na noite eleitoral, a surpresa parecia ter acontecido. Ilídio Martins recorda que “contados os votos das freguesias de Portimão e Alvor, o PSD estava na frente por uma margem muito significativa”.

Mas depois chegaram os resultados da Mexilhoeira Grande, que anularam essa vantagem e acabaram por permitir que o PS continuasse à frente da Câmara graças a uma diferença de… 47 votos.

Contudo, a vitória na Junta de Freguesia de Portimão acabou por não fugir aos social-democratas, ganhando Ilídio Martins o direito a governar a autarquia ao longo dos quatro anos seguintes. Como, no entanto, não conseguira maioria absoluta, teve que, ao longo desse tempo, ir negociando com os eleitos de outros partidos.

Enquanto presidente da Junta, todos os dias tinha à porta pessoas com problemas de diversa ordem por resolver. Recorda-se, por exemplo, de um casal que cuidava de uma criança cujos pais tinham desaparecido e que há cerca de quatro anos andavam a tentar que lhe fosse atribuído o abono de família. Ilídio Martins contactou a Segurança Social e acabou por desbloquear a situação.

Outro dos casos que lhe ficou na memória foi o de uma senhora que estava separada há longos anos do marido que, no entanto, insistia em não lhe dar o divórcio.

Apareceu na Junta, com testemunhas a comprovar a separação, para conseguir uma declaração que lhe desse acesso a descontos nos transportes públicos. Depois, foi apanhar o comboio na estação de Portimão, mas mesmo com o documento nas mãos não lhe quiseram fazer o desconto. O presidente da Junta lá teve de contactar alguém com responsabilidades na CP para conseguir resolver aquele pequeno problema que, para a pessoa em causa, tinha grande importância.

Em certa altura chegou ao seu conhecimento o caso de uma senhora que vivia na rua. Depois de se informar, soube que era de Monchique, contactou a Misericórdia local, que a acolheu. Contudo, pouco tempo depois, o presidente da instituição telefonou-lhe a dizer que a mulher tinha voltado para a rua.

Melhor sorte teve com uma outra situação parecida, a de um homem que vivia em condições degradantes, num espaço muito pequeno. Fez diligências para o colocar numa instituição, mas deparava-se com grande resistência da sua parte. Acabou por pedir a um conhecido que o convencesse a entrar no carro, supostamente para irem dar um passeio. Depois pararam a viatura em frente ao Centro de Apoio a Idosos, com cujos responsáveis já tinha falado, e o homem acabou por lá ficar, embora contrariado.

Uns tempos depois encontrou-o e a sua atitude já era outra, “estava muito satisfeito e dizia que as condições que agora tinha eram muito melhores”. Caso com final feliz, portanto.

Artigo relacionado: O tempo em que havia combate político a sério

‘Entregou’ a Junta à Universidade do Algarve

Para além destas pequenas vitórias, do seu mandato à frente da Junta destaca o contributo que deu para a instalação de um polo da Universidade do Algarve em Portimão, do aparecimento de uma universidade privada no concelho e do ‘nascimento’ da Associação de Dadores de Sangue do Barlavento do Algarve (ADSBA).

No primeiro caso, o problema maior que se colocava era a falta de um espaço minimamente condigno para acolher a Universidade do Algarve. Posto perante tal situação, Ilídio Martins disponibilizou as instalações da Junta e mudou os seus serviços, de armas e bagagens, para as antigas instalações da Casa da Nossa Senhora da Conceição, onde se manteve durante cerca de metade do mandato.

Aliás, depois de ser alvo de uma grande intervenção, aquele imóvel, que está situado ao lado da igreja, voltou, há pouco mais de um mês, a ser a sede da autarquia.

No caso da Universidade privada, também o problema que se colocava era o da falta de instalações. Ilídio Martins indicou aos promotores do projeto um espaço, mas o seu proprietário queria uma renda que era incomportável. Depois de várias insistências da sua parte junto do homem e de um familiar que era seu amigo, lá se conseguiu que a situação fosse desbloqueada.

A Associação de Dadores de Sangue do Barlavento do Algarve foi outra das instituições que ajudou a instalar no concelho, tendo, para o efeito, cedido uma sala da Junta, que funcionou como primeira sede da ADSBA.

Leia aqui a 2ª parte da reportagem: O tempo em que havia combate político a sério

(Pode também ler a reportagem na edição impressa do Portimão Jornal ou online, aqui)

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