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Salvador Varela: De África para a Praia da Rocha com escala no Alasca

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(Primeira parte de uma reportagem sobre a vida de Salvador Varela. Pode ler a 2ª parte aqui)

Leia também: Salvador Varela: A queda na falésia e a segurança na noite

Salvador Varela é uma das figuras mais emblemáticas da Praia da Rocha. Já leva mais de 40 anos à frente de estabelecimentos de diversão da principal zona turística daquele  concelho, primeiro no ao leme do Bar do Xico, depois como dono do Outro Bar e, mais recentemente, também do restaurante Tropical.

Para se transformar num dos principais rostos da animação local, Salvador Varela teve, desde logo, de percorrer milhares de quilómetros, uma vez que é natural de São Tomé e Príncipe. 

Em busca de melhor vida e de mais oportunidades, o seu pai já tinha feito a viagem e, no final de 1971, teve condições para chamar a família. Salvador Varela diz que se adaptou bastante bem à nova realidade, mas não nega que o primeiro dia de escola foi complicado, acabando por “vir embora cerca de uma hora depois do meu pai me deixar lá”.

Mas depois regressou e rapidamente as coisas entraram nos eixos, pois “encontrei excelentes colegas e professores”. É certo que, ironiza, “por ser o único ‘azul escuro’ era motivo de curiosidade para eles e vice-versa”, mas a sua capacidade de comunicação e adaptação fez com que isso se tornasse uma vantagem e não um problema.

12º ano de escolaridade feito no Alasca

Desenvolveu a sua formação escolar, primeiro na escola do Pontal, depois passou para o Ciclo e mais tarde para o antigo Liceu. 

Entretanto, foi, também, desenvolvendo o gosto pelo desporto, em especial pela vela, de que foi um bom praticante. Com um sorriso, diz que os adversários “já nem me podiam ver, pois ganhava quase sempre as provas”.

E, quando chegou à altura de fazer o 12º ano de escolaridade, voltou a fazer uma nova viagem de milhares de quilómetros e foi parar ao… Alasca, nos Estados Unidos da América.

Isso aconteceu porque, na altura, havia uma organização norte-americana que financiava intercâmbios de jovens estudantes. Salvador Varela candidatou-se, foi selecionado e lá abalou para os EUA.

Nova Iorque foi a primeira paragem. Juntamente com outros estudantes manteve-se durante algum tempo num centro de orientação, onde aprendeu os costumes e tradições locais. Findo esse período, cada um deles foi colocado numa família que integrava o programa. A ele tocou-lhe uma que vivia no Alasca e ali ficou ao longo de um ano letivo.

Apesar de ter apanhado uma temperatura um ‘bocadinho’ diferente daquela a que estava habituado, diz que “adorei a experiência”, também acabando por adaptar-se rapidamente. No princípio fazia-se entender graças ao ‘inglês de praia’ que aprendeu no Algarve, mas rapidamente melhorou o seu vocabulário e, ao fim de poucos meses, garante, “até já sonhava no idioma local”.

Também experimentou o futebol americano, de que gostou muito, é “um desporto fantástico”, que tem certas semelhanças com o rugby, que tinha praticado em Portugal.

Havia apenas uma regra que não apreciava particularmente, a de só se poder beber bebidas alcoólicas a partir dos 21 anos. Mas, como para todos os problemas há uma solução, os jovens locais ultrapassavam a proibição através de festas que organizavam.

Salvador Varela diz que deixou naquela terra inóspita e fria amizades calorosas para toda a vida e pretende voltar a muito curto prazo, até porque “algumas dessas pessoas já estão com uma idade avançada e se as quero voltar a vê-las tenho que lá ir rapidamente”. 

Outra viagem que quer fazer é à sua terra natal, S. Tomé e Príncipe, à qual nunca mais regressou por falta de tempo.

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Espírito empreendedor

O seu espírito dinâmico e empreendedor começou a dar sinais ainda na escola e no liceu, em que organizou diversos eventos. 

Quando ingressou no mundo do trabalho, essas características, bem como a sua capacidade de comunicação e o espírito positivo, rapidamente levaram-no a tornar-se uma das personalidades mais conhecidas da Praia da Rocha.

Começou como empregado no Bar do Xico e, ao fim de pouco tempo, “as pessoas já pensavam que era eu o dono e, por isso, algumas até me tratavam por Xico”. Considera ter sido um bom funcionário, “trabalhador, honesto e leal”, o que lhe abriu a porta do “Outro Bar”.

Foi por volta de 1997 que soube que o espaço, que na altura era uma casa de férias, ia ser vendido. Contactou a proprietária, disse-lhe que estava interessado e pediu-lhe para esperar um pouco antes de tornar público o anúncio de venda.

Falou com o seu patrão, que gostou da ideia, mas que disse que não queria que continuasse como empregado, mas que fosse sócio naquele projeto. Duas outras pessoas entraram no negócio e “uma delas emprestou-me dinheiro para comprar a minha parte”. Foi uma grande prova de confiança e a única maneira de conseguir ser sócio, pois “se fosse ao banco, não conseguiria o empréstimo”.

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(Pode também ler esta reportagem na edição impressa do Portimão Jornal ou online, aqui)

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