Banhos Islâmicos de Loulé inaugurados

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Após trabalhos de musealização, abriram ao público, no passado sábado, os Banhos Islâmicos de Loulé.

O Ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e o Ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, participaram na cerimónia inaugural e sublinharam a relevância deste elemento patrimonial na valorização de uma ligação que faz parte da identidade nacional e de uma política bilateral que poderá sair reforçada em breve.

Em Loulé, os laços com este país do Norte de África poderão ter, ainda este ano, novos desenvolvimentos uma vez que Vítor Aleixo, presidente da Câmara Municipal, anunciou a intenção de celebrar um acordo de geminação com a cidade de Settat, uma iniciativa que conta com a concordância por parte dos homólogos marroquinos.

“O objetivo é lançar uma ponte por onde passe e circule nos dois sentidos a amizade, o conhecimento mútuo de um passado histórico e cultural que já conviveram e mutuamente se enriqueceram. Os protagonistas dessa relação que se irá estabelecer serão sobretudo os jovens dos dois municípios que, desejavelmente, conviverão e trabalharão em torno dos problemas da mudança e descontrole do clima”, explicou o edil. 

Vítor Aleixo garantiu não ter dúvidas quanto aos “reflexos inquestionáveis” destes Hamman na economia do Algarve: “Terá consequências no alargamento da oferta de turismo de cultura e património tão importante para uma região que precisa de se reinventar constantemente para que a sua principal atividade económica se mantenha atrativa e geradora de riqueza”.

Adão e Silva, Ministro da Cultura, elogiou o processo de “recuperação extraordinária” deste património arqueológico, referindo a importância deste edifício para resgatar a memória. “Afinal a experiência da sauna não é assim tão distante da experiência que se tinha nos séculos XI e XII dos banhos islâmicos. Esse elemento de continuidade é fundamental pois o nosso país não se construiu de ruturas mas de muitas continuidades e preservar a memória cultural é, no essencial, uma forma de revitalizarmos a comunidade de pertença e identidade que temos hoje”, sublinhou.

Este responsável salientou ainda o passado cultural alicerçado na “pluralismo de diálogo entre várias culturas, na abertura, tolerância e coexistência de várias religiões” algo que considera ser fundamental no contexto atual de “uma Europa dividida”.

Também o Ministro dos Negócios Estrangeiros, João Cravinho, falou desses encontros dos dois povos ao longo dos séculos, que constituem “uma base excelente para o relacionamento contemporâneo futuro”. “Marrocos, aqui ao lado, é uma parte intrínseca da identidade portuguesa tal como nós somos uma parte intrínseca da identidade marroquina, basta olhar para o número de vestígios da presença portuguesa ao longo da costa marroquina”.

E numa altura em que se aproximam as celebrações dos 250 anos do Tratado de Paz com Marrocos, João Gomes Cravinho falou dos projetos em curso para a promover a aproximação entre os dois países, em áreas como a energia, a mobilidade ou a cultura. A criação do transporte de pessoas e cargas que fará a ligação entre o Algarve e Tânger e a ratificação de um acordo para estadia e permanência de cidadãos marroquinos em Portugal e de portugueses em Marrocos, permitindo, assim, facilitar o fluxo de pessoas entre ambos os países, são duas das iniciativas em curso.

Presente nesta sessão inaugural, o embaixador de Marrocos Othmane Bahnini, relembrou alguns dos pontos dessa ligação histórica entre os dois povos, ao nível do património, da arquitetura, das conquistas marítimas, em termos linguísticos e do património imaterial. E enumerou alguns factos, por exemplo a existências de cerca de 20 mil palavras árabes na língua portuguesa, da mesma forma que o dialeto marroquino está repleto de palavras com etimologia portuguesa. Ou ainda as semelhanças nos processos de confecionar a cataplana algarvia e a tagine marroquina. “A valorização deste património comum mostra o quanto os nossos dois países souberam, desde há muito, com inteligência, sabedoria e clarividência, transcender as vicissitudes da história para o tornar num magnífico e rico património civilizacional, ao serviço de uma relação exemplar e duradoura”, frisou o embaixador.

A musealização dos Banhos Islâmicos de Loulé e a Casa Senhorial dos Barreto significou um investimento de 1,8 milhões de euros e será um dos núcleos do “Quarteirão Cultural de Loulé”. Um projeto que tem vindo a ganhar forma ao longo dos últimos anos e que será uma das âncoras do projeto intermunicipal de candidatura a Geoparque Mundial da UNESCO do aspirante Geoparque Algarvensis Loulé-Silves-Albufeira. Pretende-se, deste modo, dotar o Museu Municipal de novas valências como um laboratório de paleontologia, e na área expositiva, uma novidade na museologia regional: contar a história da Terra e do Homem.

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