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Dentista inventa aparelho para ajudar os portugueses a deixarem de ressonar

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(Esta reportagem também pode ser lida na edição impressa do Portimão Jornal ou online, aqui)

Quando foi alertado pela esposa de que estava a ressonar muito, o odontologista José António Simões ficou preocupado.

Não apenas devido ao incómodo sonoro que a situação provocava, mas porque, “enquanto profissional de saúde, tinha a noção clara de que essa circunstância pode provocar apneia do sono, que faz com que diminua a quantidade de oxigénio no sangue e aumente a de dióxido de carbono e que está na origem de muitas mortes”.

Desconhecendo haver no mercado um produto que fosse eficaz no ‘combate’ a esta situação patológica, decidiu, então, criar um.

Sem o imaginar, iniciava, assim, um percurso de cerca de 15 anos até conseguir ter em mãos a versão final de um equipamento que, garante, resolveu não só o seu como o problema de várias outras pessoas e que agora chega ao mercado.

Trata-se, refere, de um “pequeno aparelho produzido em aço inoxidável, que se coloca no interior das fossas nasais, permitindo que o ar flua em maiores quantidades pelas vias aéreas, o que facilita a respiração e minimiza o ronco”.

Como odontologista, “faço correções de dentes e, portanto, tenho muitos anos de prática em dobrar os arames que são utilizados nessa tarefa”. E foi nesses arames que pensou quando se pôs a imaginar de que forma poderia construir o desejado aparelho ‘milagroso’.

Um processo difícil

Começou, então, por moldá-los para que pudessem entrar nas fossas nasais, de maneira a cumprirem a tarefa pretendida, o que não se revelou empreitada fácil. Não era viável dobrar o arame à mão da forma que queria, o que o levou a ter de, previamente, inventar e construir uma máquina para o efeito.

Ao longo dos anos foram muitos os modelos e protótipos que produziu, experimentou, melhorou e voltou a experimentar, até chegar ao resultado final. No princípio, conta, “o produto era feito em latão, material que não era o ideal, pois devido à humidade que apanhava só podia ser utilizado durante uns dias”. Para resolver essa contrariedade passou a fazê-lo em aço inoxidável reforçado por banhos de ácido.

À medida que ia aperfeiçoando e testando a sua invenção, “verifiquei que funcionava, falei nela a amigos e clientes, que tinham o mesmo problema e que também queriam experimentá-la, dando, depois, feedback positivo”.

Foi sendo incentivado a, ao invés de apenas utilizar este aparelho auxiliar de respiração nasal, num pequeno círculo, o disponibilizasse ao público em geral. Isso implicou que, por um lado, levasse a cabo, em laboratórios, através de entidades especializadas, “testes rigorosos que garantem que este produto é antialérgico e não causa efeitos secundários negativos”.

Outra tarefa que se revelou complicada, demorada e dispendiosa foi a de registar a patente da sua invenção, para garantir a sua autoria e impedir que seja copiada.

Enquanto tratava desta parte mais burocrática, ia tentando descobrir empresas que lhe produzissem o aparelho de forma industrial, o que também lhe causou grandes dores de cabeça, pois não conseguia encontrar quem se chegasse à frente.

Apesar de ser um produto pequeno e, aparentemente, muito simples, “a verdade é que a sua produção é bastante complexa”, diz este odontologista convertido em inventor.

‘Barco’ chega a bom porto

As dificuldades em encontrar quem produzisse o aparelho foram tantas que ainda pensou em “montar uma pequena indústria especificamente para isso”. Acabou por não o fazer e por dividir as diversas fases de construção do equipamento por várias empresas, uma vez que não era possível que uma única as assegurasse por completo.

Agora, com o produto nas suas mãos, garante que “todo o esforço, tempo e investimento feito valeram a pena”. Sobretudo porque conseguiu resolver não só o seu problema, que era o objetivo inicial, mas também o de várias outras pessoas e de, a partir de agora, muitas outras poderem beneficiar da sua invenção.

Nesta fase inicial de comercialização, o aparelho encontra-se disponível online (www.santacatarina.life), mas “pretendo, futuramente, tê-lo também à venda nas farmácias e parafarmácias que vejam vantagens na sua comercialização”, diz José António Simões.

Para que o produto possa ser adquirido por quem dele precisa, “preocupei-me em colocar um preço – 25,99 euros – que seja acessível à generalidade das pessoas”, refere.

Da pesquisa feita por si e por alguns amigos, verificou que existem no mercado alguns outros produtos dentro da mesma área, mas, afiança, “nenhum deles com as características e funcionalidades deste”.

Aparelho também pode ajudar desportistas

Embora não tenha sido esse o objetivo inicial, “como o aparelho permite que o ar flua em maior quantidade para a caixa torácica, também se pode revelar um instrumento útil para quem pratica desporto, permitindo que consiga melhores resultados”, diz este odontologista/inventor de 73 anos de idade, natural de Lagos, mas que há longos anos está sediado em Portimão, onde tem a clínica dentária Santa Catarina.

Ao longo deste processo, uma das histórias que mais o tocou foi o de “uma senhora que dizia que dois familiares estavam a divorciar-se porque, devido a um deles ressonar muito, não conseguiam dormir juntos no mesmo quarto, o que foi desgastando e acabou por se revelar fatal para a relação”.

Este exemplo pode indiciar que a sua invenção até poderá contribuir para baixar as possibilidades de separação de casais que tenham este problema.

Mas, obviamente, que a maior vantagem que vê no produto é a de contribuir para a diminuição substancial do risco da apneia do sono que “tem sido responsável pela morte prematura de muita gente”.

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