Festa da Família Agrária está de volta a Lagoa
Nos dias 27 e 28 de maio, Lagoa volta a realizar a “Festa da Família Agrária”, recriando aquela que era uma das grandes festividades religiosas no concelho.
No primeiro dia tem lugar a Grandiosa Procissão de Velas, pelas 20h00, a partir da Igreja Matriz de Lagoa, com chegada à Capela do Carmo pelas 23h00. No dia 28 de maio decorre o Cortejo Processional “A Família Agrária”, com início marcado para as 18h00.
A Festa da Família Agrária foi uma grande manifestação religiosa na década de 1960 e inícios da década seguinte. Lagoa, à época vila e sede de um concelho essencialmente agrícola, incubador de uma próspera adega cooperativa, exibia a ruralidade da freguesia-paróquia.
Consistia na realização de duas procissões solenes em honra de Nossa Senhora de Fátima: uma, de velas, na noite de sábado, que saía da Igreja Matriz para a Capela do Carmo; outra, domingueira, que tinha forte adesão popular e fazia retornar a imagem ao seu templo.
Nos últimos anos, as celebrações incluiriam, não apenas os rituais da enraizada devoção à “Vigem Aparecida”, mas também uma componente pedagógica com palestras a cargo de leigos especializados em matérias da vida cristã.
Ficaria conhecida como “Festa do Trabalho”, por promover a sua glorificação à luz da mensagem cristã; “Festa dos Tratores”, por dela tomarem parte agricultores e proprietários rurais com as suas alfaias; ou “do Carmo”, por se realizar no antigo mosteiro de clausura de frades carmelitas, na quinta agrícola da família Cabrita.
A primeira vez de que há registo de se ter realizado é em 1961. Regra geral, ocorria no último fim de semana de maio, mas anos houve em que foi em junho. Organizada pela Paróquia de Nossa Senhora da Luz, contava com o envolvimento da Ação Católica Portuguesa, através da Liga e Juventude Agrárias Católicas. O pároco de Lagoa, António Martins de Oliveira, figura proeminente na sociedade lagoense de então, foi responsável pela sua realização e por tê-la tornado, a partir de 1966, num certame de todo o concelho.
O significado e simbolismo da Festa da Família Agrária eram-lhe conferidos por cincos aspetos: a Veneração a Nossa Senhora de Fátima, que fazia sair à rua a imagem da Igreja Paroquial; a Missa Campal no “Carmo”, mais tarde na Adega, com homilia do Bispo do Algarve e ofertório de produtos agrícolas; o cortejo processional dos “dísticos”, exibidos ao alto pelos naturais de todos os lugares da Paróquia; a participação dos tratores e alfaias agrícolas, qual retrato da economia de subsistência no tempo do Estado Novo; o louvor ao Trabalho e o seu encadeamento com a mensagem Cristã.
Em 1974, embora marco da religiosidade lagoense, a Festa da Família Agrária seria abruptamente interrompida. Para o seu fim poderá ter contribuído o condicionamento que provocava ao trânsito na EN125 e, seguramente, a eclosão da Revolução de Abril, episódio-chave da História de Portugal que provocou profundas transformações sociais no país. Não obstante, e contrariamente a outras festividades religiosas no concelho, nas décadas seguintes, não se propiciou a sua retoma.
O programa completo desta recriação é o seguinte:
Dia 27 de maio, sábado: Grande Procissão de Velas (21h00), antecedida de Eucaristia (20h00), na Igreja Matriz de Lagoa.
Dia 28 de maio, domingo: Cortejo Processional “A Família Agrária”, a partir da Capela do Carmo (Convent’BIO) (18h00) para a Igreja Matriz. Haverá autocarros, a partir das 15h00, para transportar quem queira participar, desde a zona do Auditório Carlos do Carmo até à Capela do Carmo. Aí antes de se iniciar a procissão haverá degustação de sabores tradicionais (15h30) e a Benção dos Campos e das Coeltividades (17h30).
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