‘Jovem’ utente da Misericórdia de Alvor festejou 104 anos
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A Santa Casa da Misericórdia de Alvor viveu, recentemente, um dia de grande festa. E o caso não era para menos, uma vez que uma das utentes da instituição atingiu a bonita idade de… 104 anos!
A aniversariante, Judite Cruz, teve a seu lado, nesta data especial, familiares, amigos, companheiros de ‘casa’, funcionários e dirigentes da Misericórdia, que se reuniram no jardim da instituição, engalanado a rigor, com muitos balões, para conviver, partir e distribuir o bolo de aniversário e cantar os ‘parabéns a você’.
A festa já tinha tido início no interior, no salão convívio, com a atuação da tuna ‘Tocasnada’, do Grupo da Universidade Sénior do Instituto de Cultura de Portimão, que fez questão de marcar presença e contribuir para dar mais animação e alegria a uma celebração que raramente acontece.
Apesar da provecta idade, diz Mário de Freitas, provedor da instituição, Judite Cruz “continua lúcida e embora não seja muito faladora, percebe tudo o que se lhe diz, a sua maior limitação é ao nível da locomoção, tendo que se movimentar em cadeira de rodas, o que é perfeitamente normal numa pessoa desta idade”.
Uma vida de muito trabalho
Natural de Odiáxere, onde nasceu no longínquo ano de 1919, Judite Cruz teve, segundo os familiares, “uma vida pacata, sem excessos, sem vícios e de muito trabalho”.
A sua principal missão foi dar à filha, de quem cuidou sozinha desde muito cedo, as melhores condições possíveis, tendo, para isso, trabalhado, durante muitos anos, como empregada de limpezas e de copa na Casa Inglesa, tarefas que acumulou com outras em casas particulares, para conseguir mais algum dinheiro para fazer face às despesas mensais. A labuta constante não lhe permitiu ter tempo ou condições para aprender a ler e a escrever.
Esta não foi, porém, a única utente da Santa Casa da Misericórdia de Alvor a, nos últimos tempos, ultrapassar um século de vida.
Até muito recentemente havia dois outros acima desse patamar no universo da instituição, “um deles, o homem, chegou aos 105 anos e a outra, uma senhora, aos 100”, refere o provedor. Ambos faleceram no ano passado, pelo que, nesta altura, apenas Judite Cruz está nos três dígitos.
Mas, daqui a algum tempo, pode ser que se volte a fazer uma festa especial por alguém ter chegado ou ultrapassado um século de existência. Só no lar existem sete pessoas – curiosamente, todas mulheres – acima dos 90 anos, tendo a mais idosa já celebrado 95.
Fora do lar, mas que contam com apoio da Misericórdia, há nove outras pessoas com 90 anos ou mais. As situações mais curiosas são dois casais com todos os elementos acima dessa fasquia.
Instituição com várias valências
O lar é uma das principais valências da Misericórdia de Alvor e conta, atualmente, com 28 utentes. O objetivo é que, no futuro, “seja possível aumentar esse número para 40, o que implica a realização de obras, em cujo projeto estamos a trabalhar e na aprovação e financiamento do mesmo por parte das entidades que têm responsabilidades nesta área”, refere o provedor.
No que ao apoio aos mais idosos diz respeito, a instituição tem à sua responsabilidade, ainda, um centro de dia em Alvor, com capacidade para 11 utentes, e um centro de convívio nos Montes de Alvor, que recebe 21 pessoas.
A este trabalho junta-se o apoio domiciliário que é prestado a 10 pessoas.
Outro equipamento muito relevante, mas esse virado para os mais novos, é a creche, situada em Alvor, que junta 83 crianças.
A instituição, que é uma das principais empregadoras da freguesia de Alvor, tem cerca de meia centena de funcionários.
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