É de Lagoa… ou de Portimão? (com VÍDEO)
Portimão e Lagoa são dois concelhos unidos e separados pelo rio Arade, cujos habitantes têm, regra geral, um bom e cordial relacionamento. Mas, nem tudo são rosas. Há situações que causam alguns problemas e tensões entre estes vizinhos.
Comecemos por uma breve viagem ao passado.
Trazer a via férrea ao Algarve, e em especial, ao Barlavento, foi uma dura e demorada luta.
Finalmente, em 1881 foi tomada a decisão de avançar com os carris, mas seria preciso esperar mais 22 anos até que o sonho se transformasse em realidade e chegasse a esta zona do Algarve.
E para que o processo avançasse até foi necessário fazer um pedido direto ao rei, aquando da sua passagem por Portimão, em 1897.
Mas, depois de removidos muitos problemas, ainda havia um que se mantinha: o rio Arade.
E era um obstáculo tão grande que se decidiu nem sequer tentar ultrapassá-lo naquela fase.
É certo que havia resposta técnica para o efeito, mas o investimento era muito elevado e a construção da ponte foi sendo adiada.
A solução possível acabou por ser a edificação da estação de Portimão na outra margem do rio, na então aldeia dos Cucos, que mais tarde ganhou a denominação de Parchal. Ou seja, foi erguida no território de Lagoa.
A estação que, entretanto, foi despromovida a apeadeiro e se encontra com uma péssima imagem, seria inaugurada com grande pompa e circunstância em 15 de fevereiro de 1903.
Só bem mais tarde é que se avançou para a construção da atual estação de Portimão e da ponte ferroviária, que entraram ao serviço em 30 de julho de 1922.
Foi só nessa altura que terminou a curiosa e estranha circunstância de Portimão ter uma estação com o seu nome fora das suas fronteiras administrativas, no vizinho concelho de Lagoa.
Mas, ainda hoje, há uma situação semelhante.
Trata-se do Porto de Pesca, que toda a gente diz ser de Portimão, mas que há várias décadas se situa fora dos domínios daquele concelho.
Também as pontes são conhecidas como de Portimão, apesar de ligarem os dois territórios.
Todas estas circunstâncias levam a que, por vezes, sobretudo entre os políticos de Lagoa, se note uma atitude de alguma desconfiança e ressentimento em relação aos seus colegas de Portimão.
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(Fontes históricas: Livro “Portimão, cidade com história”, de Nuno Campos Inácio, e texto complementar do autor apresentado aquando da celebração do centenário da Ponte Ferroviária de Portimão)
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