“Época de golfe pode ficar comprometida se decisão britânica não for revertida”

O presidente da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, qualifica a decisão do governo britânico de manter Portugal fora dos corredores aéreos como uma medida tendenciosa.
A decisão do governo britânico de manter Portugal fora do corredor turístico é a machadada final nesta época turística?
É uma enorme desilusão pois tínhamos expectativas e esperança que a medida iria ser revertida. A decisão anterior já tinha contribuído bastante para diminuir os fluxos turísticos para o Algarve, tendo muitas pessoas optado por outros destinos.
Não se compreende como é que uma região que praticamente ficou fora da pandemia é considerada um destino inseguro, enquanto que outros destinos concorrentes, nomeadamente a vizinha Espanha, que tem um número de infetados muito maior, é vista como segura.
Penso que o governo britânico tem dois pesos e duas medidas, conforme, porventura, os seus interesses particulares, pelo que esta não deixa de constituir, de alguma maneira, uma decisão que podemos considerar como tendenciosa.
Os empresários tinham a expectativa de que, com a reversão da medida, muitos britânicos viessem ainda para a região em agosto?
Mesmo que houvesse uma opção favorável isso não teria efeitos imediatos, mas de médio prazo. Lembro que a partir do mês de setembro começa a época alta do golfe, que pode ficar comprometida se esta decisão não for alterada o mais rapidamente possível.
Qual expectativas há quanto à taxa de ocupação em agosto?
Poderemos ter ocupações que rondarão os 50%, tendo por base, sobretudo, a procura dos turistas nacionais.
Relativamente ao pacote de apoio que o Governo diz estar a preparar para o Algarve, para além da extensão do layoff simplificado, que outras medidas deve conter?
O que se espera é que seja aprovado o mais rapidamente possível e que inclua, para além de outras de âmbito estratégico, medidas de curto prazo que possam ajudar a esbater o flagelo do desemprego que afeta a região e as empresas, que estão confrontadas com falta de receitas por um período demasiado longo e que vai prolongar-se por mais 6 ou 7 meses.
Na sexta-feira foi anunciado que o Algarve vai ter um grande prémio de Fórmula 1. É uma notícia positiva para o setor turístico?
É uma boa notícia, pode ser um dos seis grandes eventos de que, na nossa opinião, o Algarve precisa, sobretudo nos períodos de menor procura, que possam funcionar como geradores de fluxos turísticos importantes e, atendendo à elevada cobertura mediática que têm, funcionar como meios de promoção e divulgação da região.
A Fórmula 1 cumpre estes requisitos, mas deve ter continuidade para que possa dar um contributo importante e consistente para esbater a sazonalidade do turismo algarvio.
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