Fábio Zacarias: “Futuro campus universitário de Portimão será motor de desenvolvimento do Barlavento”

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(Esta reportagem também pode ser lida no Portimão Jornal)

O portimonense Fábio Zacarias é, desde janeiro de 2022, o responsável máximo pela Associação Académica da Universidade do Algarve (AAUAlg).

O seu percurso como dirigente começou em Portimão, em 2019, quando se deixou convencer a ser vice-presidente da estudante que, então, liderava a associação, Raquel Jacob. “Apesar de, na altura, isso não estar nos meus planos, acabei por aceitar o desafio por pensar que Portimão tinha um grande potencial ao nível do ensino superior, que estava a ser desperdiçado”, afirma.

Uma das iniciativas que promoveu foi uma conferência com elementos de juventudes partidárias. Tanto na altura como agora “defendo que a construção de um verdadeiro campus universitário em Portimão, com melhores condições e capacitado para uma oferta formativa mais diversificada, será um motor de desenvolvimento não só do concelho mas do Barlavento e foi também essa a conclusão a que chegaram os participantes no encontro”, refere.

Agarrou na ideia e tentou sensibilizar os políticos locais e responsáveis da Universidade do Algarve a tomar medidas que fossem nesse sentido.

Passados quase quatro anos, é com satisfação que constata que, finalmente, se estão a dar passos concretos para que essa proposta se cumpra, com a disponibilização por parte da Câmara Municipal de Portimão de um terreno à Universidade para construção de um campus.

O espaço em causa é considerável e vai permitir que Portimão se assuma a sério como uma cidade universitária. A sua dimensão tem, na opinião de Fábio Zacarias, outra vantagem, a de “permitir uma expansão futura do campus, caso isso se revele necessário”.

A anunciada intenção de, naquele campus, se ir privilegiar cursos relacionados com as novas tecnologias também merece a concordância do presidente da associação.

Greve dos estudantes

Outra das lutas que travou foi a de alertar os responsáveis para as “condições precárias das instalações do polo universitário de Portimão”. Isso passou, inclusivamente, por uma greve dos estudantes locais, que teve grande impacto mediático.

Daí para cá “tem sido feito um esforço no sentido de minorar os problemas, foram realizadas algumas obras, mas pelo facto de ser antigo e de ter sido construído com outro objetivo, o edifício apresenta problemas estruturais”, situação que só poderá ser ultrapassada com uma eventual mudança para outras instalações mais adequadas.

Fábio Zacarias deixa também o alerta para “a necessidade de requalificação do jardim situado em frente ao polo de Portimão”, de forma a melhorar o ambiente na zona.

Fruto do trabalho desenvolvido no concelho e, provavelmente, por ter apanhado o ‘bichinho’ do associativismo universitário, acabou por se candidatar ao cargo de presidente, tendo tomado posse para o primeiro mandato no início do ano passado.

Apesar de se ter deparado com as dificuldades acrescidas que resultaram das restrições vividas no período pandémico, considera que o mandato correu bem e que a sua equipa “cumpriu cerca de 90% do programa apresentado”, pelo que voltou a candidatar-se e a merecer a confiança dos seus colegas universitários.

Regresso dos grandes eventos

Um dos aspetos mais visíveis do trabalho realizado foi “a recuperação dos grandes eventos, como a Semana Académica e a Receção ao Caloiro, que tiveram muita participação, foram um sucesso e deram um bom retorno financeiro, o que é importante para que prosseguir o trabalho de apoio aos estudantes, como a atribuição de 27 bolsas de estudo, num investimento de cerca de 20 mil euros”.

Tendo como principal motivação “contribuir para garantir a melhor experiência possível aos estudantes”, a associação conta com vários núcleos e disponibiliza diversos serviços. Tem à sua responsabilidade a gestão de dois restaurantes e outras tantas lojas de cópias/reprografias.

Outra vertente que recebeu um grande impulso foi o desporto universitário, “tendo sido possível apresentar muitas equipas competitivas e garantir o maior número de atletas da UAlg medalhados”.

Nesta área, outra das conquistas foi conseguir ver aprovada a candidatura apresentada para que o Campeonato Nacional Universitário de Desportos de Praia se realize no concelho de Portimão, o que acontecerá em maio.

Fábio Zacarias destaca também o facto de “a Associação ter voltado a ter uma presença forte a nível nacional, contribuindo para a discussão de todas as matérias relacionadas com o ensino superior”.

O PROBLEMA DAS RENDAS ALTAS

Um dos maiores problemas com que se deparam os jovens que estudam na Universidade do Algarve é o alojamento. A oferta existente é inferior à procura, o que tem como consequência aumentos exorbitantes dos valores das rendas.

O dirigente associativo lembra que “o preço médio de um quarto em Faro era de 150/175 euros, em 2015, e disparou para valores que atualmente andam na ordem dos 300/350 euros, o que se traduz numa taxa de esforço mais pesada para os estudantes e as suas famílias”.

O número de jovens que frequenta os campus da Penha e de Gambelas é de à volta de 10 mil e as residências universitárias disponibilizam apenas “cerca de 500 camas”, o que faz com que a esmagadora maioria dos universitários fique dependente da oferta privada.

Há, nesta altura, dois projetos de construção de mais residências universitárias, o que vai minorar ligeiramente o problema, uma vez que prevê a construção de apenas cerca de três centenas de alojamentos.

Os algarvios que residem fora da capital e que frequentam a Universidade deparam-se com “o problema dos transportes”, que são caros e consomem muito tempo em viagens, sendo “importante também melhorias a este nível, nomeadamente com a eletrificação da linha ferroviária do Algarve”, diz Fábio Zacarias.

É preciso dar mais atenção à saúde mental

Outra questão que o preocupa e para o qual a associação faz questão de chamar a atenção e de ajudar a detetar e encaminhar é o da saúde mental, tendo para o efeito criado o programa ‘Olho Social’.

Trata-se de um problema que “afeta muitos jovens universitários e que foi agravado nos últimos tempos pela crise pandémica”. Isso mesmo é constatado pelo aumento das consultas de psicologia na instituição, que “passaram de 700, em 2019, para 1700, em 2022”.

O aumento do número de profissionais nessa área para responder ao galopante aumento de solicitações é uma das mais evidentes medidas necessárias para responder “a um problema que é real”.

Mas também considera ser importante que “se diminua a carga horária dos estudos que, em Portugal, é das mais altas da Europa” e que tem consequências ao nível da ansiedade e do ‘burnout’ de muitos estudantes.

Este dirigente defende que há a necessidade de adotar novos modelos de ensino que permitam que os jovens tenham maior equilíbrio de tempo entre as aulas e a prática de desporto ou de outro tipo de atividades que apreciem, o que terá reflexos positivos na sua saúde mental.

Vem aí mais uma Semana Académica

Aos 24 anos, Fábio Zacarias frequenta o 3º ano do curso de Gestão. Para já, ainda não pensa numa carreira profissional a tempo inteiro, uma vez que pretende “continuar a investir na sua formação, através de uma especialização”. Apesar de ter ao seu lado um grupo dedicado, uma parte substancial do seu dia a dia é ocupado pelas tarefas inerentes ao cargo que ocupa, ao nível da coordenação de todas as áreas, participação em reuniões internas e em muitas das iniciativas, a nível regional e nacional, para as quais a associação é convidada.

No seu caso, convinha que os dias tivessem mais de 24 horas, mas, enquanto isso não é inventado, a solução passa por se organizar da melhor forma possível, por vezes deixando um pouco para trás a vida pessoal e o lazer. Mas, embora tenha de fazer um esforço extra, mostra-se motivado em continuar a cumprir o papel de responsável máximo pela associação, “uma experiência que me tem ensinado muito”, salienta.

É, sobretudo, uma forma de, embora de forma modesta, contribuir para que “se cumpra o princípio da universalidade de acesso ao ensino superior, uma tarefa ainda por concretizar pois, infelizmente, o sítio e o meio em que se nasceu continua a ditar onde podemos chegar”.

A curto prazo, uma das tarefas que, juntamente com a sua equipa, tem pela frente é a organização de mais uma Semana Académica, que vai ocorrer entre os dias 27 de abril e 6 de maio. Embora não queira ainda revelar, já está definido o cartaz musical que “vai de encontro à auscultação efetuada aos alunos”.

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