“Aposto que Portimão vai voltar a ter uma grande rádio local”
“Aposto que Portimão vai voltar a ter uma grande rádio local… eu cá sei”.
Foi desta forma algo enigmática que Ilídio Poucochinho fechou o evento de apresentação pública do livro «A rádio que ouviu Portimão», que contém as memórias de muitos os que fizeram a saudosa Rádio Portimão da segunda metade da década de 1980.
A iniciativa decorreu esta Terça-feira, 13 de Fevereiro, na esplanada na Casa Inglesa, em Portimão, e, ao longo de cerca de uma hora, foram recordados alguns episódios desses tempos.
Por exemplo, o do ‘casting’ que levou ao recrutamento de Armando Santana, que foi bem pouco convencional. Contou o próprio que Ilídio Poucochinho lhe disse estarem a fazer uma experiência e pediu-lhe para ir falando para “um leitor de cassetes ligado com uns fios a uma caixinha”.
Confessa não ter percebido qual o objectivo daquilo. Antes de sair com Vasco Moura, Ilídio Poucochinho apenas lhe disse “fala como se estivesses numa rádio, que a gente já vem ter contigo” e lá o deixaram “durante umas duas horas”, enquanto que, soube mais tarde, foram, de carro, a Ferragudo, Portimão e Alvor, avaliar o raio de alcance de um improvisado emissor.
De vez em quando perguntava-se se eles o estariam a ouvir ou se devia calar-se, mas como lhe tinham dito para ir falando, lá continuou. Quando chegaram, disseram-lhe que estava contratado para fazer parte de uma rádio que iam lançar daí a uns dias.
Na altura, a parte técnica ficava por conta de José Matos, que colocava ao dispor da rádio a sua competência técnica e imaginação. Recorda-se que “foram muitas noites sem dormir, de vez em quando deixavam entornar uma bebida qualquer na mesa” e lhe telefonavam aflitos para ir resolver o problema.
Um dos colaboradores da Rádio Portimão foi José Estorninho, que assume ter, desde pequeno, uma grande paixão pela rádio, uma vez que é um meio que provoca “o culto do imaginário, transporta-nos para realidades que não conhecemos, mas que imaginamos”.
Essa paixão continua até aos dias de hoje e leva-o a ter “um rádio em praticamente todas as divisões da casa: tenho um na casa-de-banho, outro na cozinha, um no quintal, outro na sala”.
Um dos principais responsáveis por reunir em livro muitas histórias da rádio foi Paulo Jorge Correia, que referiu ser uma ideia que nasceu no seu íntimo há cerca de 20 anos e que agora, finalmente, conseguiu concretizar. Ao longo de 7 meses ouviu muitos dos que participaram naquela aventura que durou cerca de três anos e foi à procura de apoios, que permitissem financiar a obra.
Um dos que abordou em primeiro lugar e que considera ter sido importante para que o livro se tornasse uma realidade foi o presidente da Junta de Freguesia de Portimão, Álvaro Bila, que lhe deu alento para continuar e garantia de apoio. Álvaro Bila justifica tal atitude por entender que “a Junta só podia apoiar esta ideia”, uma vez que preserva um período relevante na vida da cidade. Ele próprio foi, também, contagiado pelo espírito das chamadas ‘rádios piratas’ e participou nesse movimento, como voluntário, na condição de técnico de som de uma rádio local da altura.
Presente na apresentação esteve a presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, que destacou o facto de, com este livro, se conseguir perpetuar algumas memórias que fazem parte da história de Portimão, que, de outra forma, poderiam desaparecer.
E isso é bom porque “uma cidade sem história e sem memória é uma cidade sem futuro”, referiu a a autarca que foi ouvinte da rádio e confessa guardar “com saudade algumas das histórias que ouvi e há uma voz que nunca mais esqueci, a do Ilídio Poucochinho, que não conhecia de lado nenhum”. Na sua opinião, um dos aspectos mais interessantes da rádio é que “nos faz fixar mais nas palavras, nas pessoas, imaginamos quem está por detrás daquela caixa, o que é fantástico e que não acontece na televisão, em que nos fixamos mais na imagem do que na palavra e na mensagem”.
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