Opinião

Vamos ainda a tempo, haja determinação política!

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No último trimestre do ano passado, a comunicação social fez eco do desagrado de muitos lacobrigenses a respeito da intervenção física, aparentemente desconexa, levada a efeito, na parte sul da Ponta da Piedade.

Igualmente nessa ocasião, alguns membros da  Assembleia Municipal de Lagos de então manifestaram perplexidade e surpresa, não apenas pelo défice da informação prestado pela  Câmara Municipal, mas, também, devido ao incompreensível secretismo envolto ao projecto. Foi, naquele órgão, sugerida a suspensão e reavaliação do projecto inicial.

A  lei obriga os privados a publicitarem as intervenções urbanísticas, mas não proíbe – que se saiba – as entidades públicas de o fazerem. Aliás, seria de bom tom afixar uns  painéis no local, acompanhados da planta e memória descritiva do projecto. Esse gesto simples evitaria juízos de valor e comentários impróprios e mostrava mínimos democráticos de atenção e respeito pelos eleitores, cidadãos e contribuintes.

Contrariamente, as sombras e o silêncio misteriosos que envolvem a intervenção aumentam a curiosidade, adensam dúvidas e apreensões desnecessárias, induzem à adivinhação e ao esoterismo na busca duma explicação. Imperceptível, também, a evidenciada passividade assumida pela edilidade relativamente a esta matéria de complexidade acrescida, de importância e alcance estratégico e significado estruturante  para Lagos.

Realmente, o destaque dado pelos media às petições e protestos de alguns lacobrigenses deveria ser visto e encarado de modo a que nada, amanhã, leve a arrependimentos. Nessa perspectiva, assumo – e não é de hoje – que gostaria de ver e apoiar para toda a zona da Ponta da Piedade não aquela intervenção parcelar, mas um plano global estruturado e escrutinado, com objectivos bem pensados, claros e transparentes, preservando e valorizando o património eco – ambiental, paisagístico e cénico daquele ex-libris  que a natureza nos legou.

Espero – e não estou só – que a Câmara Municipal não se distraia, seja capaz de produzir os remédios próprios necessários a prevenir os impactos sociais e ambientais negativos, já hoje visíveis no centro histórico, na qualidade de vida dos cidadãos, decorrentes da conjugação dos efeitos combinados do projectado para a Ponta da Piedade com toda a envolvente; a começar na Praia do Pinhão, Rossio da Trindade até ao Canavial/Porto de Mós, mormente a nível das acessibilidades rodoviárias, pedonais e outras infraestruturas cujas implicações diversas exigem estudos e avaliação aprofundadas devido à atracção exercida e à ocupação prevista nos instrumentos de planeamento e ordenamento existentes.

Reafirmo, por fim, o que já defendi, noutro tempo e circunstâncias diferentes, e claro, hoje, continuo a defender para aquela zona, a saber:

– Parque público de uso privado, delimitado, vigiado/controlado, espaço único e singular, exemplo  de referência ambiental e da biodiversidade, sustentável, gerador de riqueza e prosperidade municipal;

– Interdição, de preferência, a veículos auto, salvo casos excepcionais, criação de bolsas de estacionamento externas, substituição  dos postos aéreos de electricidade e outros causadores de impactos visuais negativos. Limpeza e manutenção das árvores e arbustos  existentes e combate a infestantes;

– Plantação de novas árvores, poucos pinheiros, mais fruteiras, núcleos de amendoeiras, figueiras, oliveiras, etc., construção de pequenas charcas, para aproveitamento da água da chuva, facultando à passarada e outras espécies a comida e bebida, não a cabras sapadoras, mas umas ovelhas, poucas, talvez!

–  As ruínas existentes deverão obedecer a processos de análise e requalificação aproveitadas para fins didácticos, centros interpretativos, apoio e venda de bens e serviços e repouso dos visitantes. Estudo e criação de pontos de observação, corredores pedonais e acessos às praias, com aplicação de materiais apropriados.

Enfim, muito mais  haverá  a dizer, mas, por hoje, fico-me por aqui. Não esqueçam!  Existem financiamentos comunitários, nacionais e locais disponíveis, para projectos, execução de obra  e aquisição dos terrenos. Vamos ainda a tempo, haja determinação política!

(Opinião, José Valentim Rosado)

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