Silêncio que se vai ouvir… a guitarra portuguesa
Uma forma das famílias evitarem que os seus jovens criem vícios que podem trazer-lhes consequências nefastas é… oferecendo-lhes um instrumento musical.
Esse, pelo menos, foi o conselho bem humorado que guitarrista Ricardo J. Martins deu no decorrer de mais uma sessão do programa «Choque Frontal ao Vivo», da Rádio Alvor. É que, justificou, tendo em conta o elevado preço dos instrumentos musicais, “eles não vão ter dinheiro para criar mais vício nenhum”.
E deu o seu próprio exemplo, em que a primeira guitarra que comprou custou cerca de 300 euros e por uma das que actualmente utiliza já teve de pagar cerca de 4 mil euros.
Realizada no pequeno auditório do Teatro Municipal de Portimão (TEMPO), a 28 de Fevereiro, esta edição do programa apresentado por Ricardo Coelho e Júlio Ferreira teve, para além do músico convidado, como protagonista principal a guitarra portuguesa. Trata-se de um instrumento normalmente associado ao fado, mas que, defendeu Ricardo J. Martins, vale por si próprio e tem, também, potencialidades para se associar a diversos outros estilos musicais.
De uma forma geral considera que a guitarra portuguesa é “pouco valorizada como instrumento solista”. Nos seus dois discos editados até agora procura contribuir exactamente para criar uma ideia contrária, mostrando as enormes potencialidades que o instrumento tem.
Neste «Choque Frontal ao Vivo» Ricardo J. Martins apresentou alguns dos temas que fazem parte do seu segundo trabalho discográfico, intitulado «Cantos e Lamentos», no qual interpreta composições suas, e em que se destacam os singles “Corre Corre Corridinho”, “Danças na Eira”, “Tocar-te” e “A Guerra Parte 1 – Amanhecer”.
Natural da região algarvia é aqui que Ricardo J. Martins continua a viver e a trabalhar. Profissionalmente, admite que essa circunstância possa ter algumas consequências negativas, pois se estivesse em Lisboa “poderia ter a oportunidade de tocar com gente conhecida” do panorama musical português. Mas isso não é algo em que pense muito pois confessa que nunca foi uma pessoa muito ambiciosa em termos de carreira e como o que gosta mesmo é de tocar guitarra, pode perfeitamente fazê-lo no Algarve.
Para além de que parece não faltar-lhe trabalho, sobretudo como instrumentista acompanhante de fadistas. Embora esta não seja a região do país mais conotada com a chamada ‘canção nacional’, a verdade é que, por cá, há cada vez mais gente a cantar fado em mais espaços e como não há assim tantos instrumentistas de qualidade, os seus serviços são muito requisitados.
Como sempre acontece, neste programa também houve espaço para dar a conhecer (e a provar) um vinho algarvio. Desta vez, ao palco subiu Luís Cabrita, da Quinta da Malaca, o produtor do «Vale de Parra», um néctar tinto feito a partir de castas típicas da região.
O próximo «Choque Frontal ao Vivo» já tem data agendada. Vai ter lugar no dia 14, Quarta-feira, a partir das 21h15, e trata-se de uma edição especial, integrada na programação do Março Jovem, que terá como convidada a banda «Mopho».
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