“Exames nacionais causam grande pressão”, diz Carlos Café
(Pode ler aqui a 1ª parte desta reportagem e também na edição imprensa ou online do Portimão Jornal)
O professor Carlos Café considera que o ensino secundário “é extremamente marcado pelos exames nacionais, em muitos casos, a preparação começa logo no 10º ano”. Isso coloca uma “grande pressão” desde logo sobre os alunos, mas também nos professores e pais, o que tem alguns aspetos positivos mas também negativos.
O peso que têm as notas que resultam de exames escritos leva a que, para conseguirem boa média final, ”os alunos quase tenham de ser especialistas em resolver testes”.
Este é um modelo que acaba por deixar para segundo plano a avaliação do restante trabalho desenvolvido ao longo do ano, que pode até ser bem mais relevante do que as respostas dadas, por escrito, ao longo de uma hora ou duas.
“Os programas curriculares demasiado extensos” são outro aspeto que contribui para uma grande pressão, o que leva a que os alunos tenham que utilizar a maior parte do seu tempo a memorizar matéria, em detrimento da tarefa de procurar compreendê-la e analisá-la com alguma profundidade.
A escolha de Portimão
Embora tenha nascido em Évora, há 60 anos, Carlos Café nunca viveu nessa cidade alentejana, tendo passado a sua infância e juventude em Tondela, onde fez os estudos básicos e secundários.
Formou-se no Porto e, na hora de escolher uma profissão, optou pela docência. Desde logo, por uma questão de vocação, mas também “porque não havia assim tantas saídas profissionais para alguém formado em Filosofia”.
Nos primeiros três anos passou por escolas da Guarda e Pinhel, mas como havia mais vagas no sul do país do que nessa zona, acabou por vir parar ao Algarve.
Curiosamente, nesta região, “a primeira escola em que dei aulas foi a Teixeira Gomes, em Portimão”, onde acabou por se fixar, ao tornar-se efetivo.
Pelo meio, ainda passou por Vila Real de Santo António e Faro, mas “a cidade de que mais gostei foi Portimão”, o que o levou a, na hora da escolha, não ter dúvidas em instalar-se aí.
Por si passaram várias gerações de alunos e, no essencial, não considera que haja grandes diferenças entre elas.
Mas, com a evolução da tecnologia, também os gostos da sociedade foram mudando e, hoje em dia, nota que os jovens “têm um conjunto de capacidades e de perícias diferentes das que eu tinha quando era aluno, sobretudo nas novas tecnologias, em que são especialistas”.
São, também, mais conscientes em relação a temáticas como o ambiente e as causas sociais e solidários. Por exemplo, um dos projetos pessoais que alunas suas estão a fazer é a tradução de uma série de textos que o professor lhes faculta para outras línguas, nomeadamente ucraniano e inglês.
O objetivo é que o pequeno ‘livro’ funcione como uma espécie de introdução a novos alunos que falem essas línguas à matéria que está a ser dada, de forma a sentirem-se menos ‘perdidos’ no novo ambiente que passam a frequentar.
Outra das diferenças que nota nesta nova geração é exatamente a grande capacidade de adaptação que mostram relativamente a outras línguas e culturas.
Inclusivamente, muitos jovens “colocam a possibilidade de, durante um período, trabalharem e viverem noutros países, o que não era tão comum há alguns anos”.
Com um pé na política
Para além do ensino, Carlos Café também está ligado à política, enquanto elemento da bancada socialista na Assembleia Municipal, na qual, há vários anos, ocupa o lugar de 1º secretário da Mesa.
Trata-se de uma atividade de que “gosto muito, tem a ver com as minhas caraterísticas, com a minha apetência pelo debate de ideias e pela discussão, é uma função na qual sinto ter alguma utilidade”.
Está, pois, a este nível, no sítio certo, não sendo sua ambição um dia ‘saltar’ para um cargo executivo na Câmara, pois não lhe parece que aí pudesse ser mais feliz e dar um melhor contributo do que aquele que dá na Assembleia.
Há mais de década e meia que está com um pé na política, mas mantendo low-profile, sendo rara a sessão da assembleia em que se envolve nas discussões, por vezes, muito acaloradas que aí acontecem.
A única altura em que teve uma posição mais interveniente foi nos bastidores do PS, fazendo parte de um grupo de elementos que entenderam “ser importante encontrar uma alternativa a Luís Carito, como presidente da concelhia”.
Esse movimento teve sucesso, tendo contribuído para colocar Castelão Rodrigues no lugar de topo dessa estrutura e, posteriormente, para a escolha de Isilda Gomes como candidata à presidência da Câmara de Portimão.
(Pode ler aqui a 1ª parte desta reportagem e também na edição imprensa ou online do Portimão Jornal)
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