“Uma vida cheia com um pouco de tudo” – Parte 3

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(O texto pode ser lido na íntegra na edição impressa do Portimão Jornal ou online aqui. Pode também ler a parte 1 aqui e a parte 2 aqui)

Um das fases mais marcantes da vida de Ilídio Poucochinho foi a do seu envolvimento no movimento que deu origem às chamadas rádios piratas.

A ‘moda’ surgiu com maior intensidade a partir de 1984 e “às tantas já quase todas as terras tinham uma rádio”. Resolveu também criar uma e, juntamente com uns amigos, “fui ter com os responsáveis de uma rádio que havia em Setúbal para saber o que era preciso”. 

Veio de lá com a convicção de que com um investimento de mil contos conseguia pôr o projeto de pé. O que significava que “precisava de convencer, pelo menos, mais 9 pessoas a entrarem com 100 contos cada um”. Isso foi conseguido e a 3 de março de 1986 foi formalmente constituída a cooperativa dona da rádio.

Ficou instalada no rés do chão do edifício Squash, na Praia da Rocha, que era propriedade de um dos fundadores, e tornou-se um sucesso imediato. Era uma rádio diferente que “ia junto das pessoas, fazia muitos diretos do exterior e falava do que interessava aos ouvintes”. A programação era feita de modo a que pudesse agradar “quer aos doutores e engenheiros quer aos padeiros”.

Um locutor que oferecia lulas

Um dos programas mais populares era feito por Álvaro Rocha, um pescador que entrava em estúdio de manhã, vindo diretamente da faina. Fazia passatempos e, “quando não tinha mais nada para oferecer, dava algumas das lulas que tinha acabado de apanhar”. A sua genuinidade acabou por, inclusivamente, valer-lhe ser entrevistado numa rádio e num jornal nacionais.

Pela negativa, um dos episódios de que se lembra desses tempos foi a inundação do estúdio, que ficou convertido numa autêntica ‘piscina’, mas rapidamente o problema foi resolvido.

O projeto radiofónico acabou em dezembro de 1988, quando, por imposição legal, todas as rádios foram obrigadas a calar-se e a ficar à espera do resultado do concurso de legalização entretanto lançado.

A Rádio Portimão concorreu, mas acabou por não ser contemplada com o cobiçado alvará. Ilídio Poucochinho considera que o que se passou “foi uma injustiça” e que a decisão final teve a ver essencialmente com questões políticas.

Outra das suas facetas foi a de animador e apresentador de espetáculos e certames, como o Festival da Cerveja de Silves ou a Fatacil.

Durante muitos anos também foi o animador de serviço nos jogos que o Portimonense fazia em casa. Era ele que dava a constituição das equipas, que se encarregava da publicidade ao intervalo e que relatava os golos. Nessas alturas – quando os golos eram da equipa da casa – para dar maior impacto e criar maior emoção, “sem que ninguém percebesse, difundia uma cassete com aplausos no sistema de som, fazendo com que parecesse que se estava num estádio de outras dimensões e com muito mais gente”.

Todas estas atividades eram exercidas paralelamente à sua profissão de ajudante de notário. Durante o dia, “só pensava escrituras, autenticações e coisas do género, mas quando chegava às 5 horas da tarde desligava essa ‘ficha’ e passava a ser ‘outra’ pessoa”.

Tudo isto contribuiu para que, sintetiza, tenha tido ”uma vida cheia com um pouco de tudo”.

(O texto pode ser lido na íntegra na edição impressa do Portimão Jornal ou online aqui. Pode também ler a parte 1 aqui e a parte 2 aqui)

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