De Moçambique para Alvor

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(2ª parte de uma reportagem originalmente publicada no Portimão Jornal, que pode ler na versão impressa ou online, aqui. Pode ler a 1ª parte aqui)

Mário de Freitas assume-se um apaixonado por Alvor, terra onde se instalou há 35 anos. No entanto, as suas raízes situam-se a muitos milhares de quilómetros, em Maputo (que na altura se chamava Lourenço Marques), onde nasceu em 1944 e de onde acabou por sair em 1978.

Quando se deu a Revolução do 25 de Abril era diretor administrativo de uma grande empresa que aí tinha plantações e unidades de processamento de amêndoa de caju. No período que se seguiu, o negócio passou a ser dirigido por uma comissão ligada ao novo poder político que, supostamente, tinha por missão dinamizá-la.

Mário de Freitas transitou da anterior administração, mas cedo se apercebeu que aquela gestão não ia dar bons resultados. Ainda assim, “mantive-me por lá durante mais dois anos, a ver se as coisas mudavam”. Apesar do período conturbado que se vivia, apenas se lembra de ter tido um problema complicado, “por excesso de zelo das autoridades”. Um dia estacionou numa rua por onde ia passar a comitiva do então presidente Samora Machel. Os polícias que organizavam a deslocação entenderam que estava num local proibido e não foram de meias medidas: detiveram-no. Só ao fim de “de cerca de oito horas acabei por ser libertado com um pedido de desculpas”.

Como era habitual deslocar-se a Portugal duas vezes por ano, um dia, meteu-se no avião, com a promessa de regressar daí a uma semana e, ironiza, “ainda hoje devem estar à minha espera”. Consigo trouxe apenas os poucos bens que cabiam na mala, deixando para trás todo o património que tinha conseguido adquirir ao longo da sua vida.

Tal como a generalidade das pessoas que viveram no continente africano durante muitos anos, os primeiros tempos em Portugal não foram fáceis. Sentiu dificuldades em adaptar-se ao clima e ao tipo de vida que encontrou. Lembra que “lá não vivíamos só para o trabalho, tínhamos muito tempo livre e podíamos dedicar-nos às atividades de que gostávamos”. Para além disso, “a convivência era muito diferente, era como se pertencêssemos todos à mesma família”.

Nova experiência em África

Continuou ligado ao mesmo grupo empresarial, que possuía um escritório em Lisboa e queria enviá-lo para Angola. Durante cerca de um ano foi resistindo aos convites, mas lá acabou por ceder, “até por uma questão de gratidão, pois a empresa, ao longo desse período, tinha estado a pagar-me sem que estivesse a trabalhar”.

De forma que voltou para África e manteve-se em Angola entre 1978 e 1983, como chefe de controlo financeiro da empresa que “atuava numa área geográfica maior do que Portugal”.

De regresso ao país, acabou por fixar-se no concelho de Portimão. Aí, juntamente com um sócio, abriu um gabinete de contabilidade. Mais tarde acabaria por vender a sua quota e foi trabalhar para Faro, durante cerca de três anos, onde criou empresas de informática e imobiliário.Antes da Misericórdia de Alvor, um dos seus grandes desafios foi liderar a Associação de Dadores de Sangue do Barlavento do Algarve.

A ideia base que garantiu o sucesso da missão a que a sua equipa se propôs era a seguinte: “se no Verão quase todos os portugueses estão no Algarve, então é necessário ir até eles para darem sangue”. Daí nasceram as colheitas nas praias e na FATACIL, que “se tornaram célebres”. Graças ao esforço desenvolvido, “conseguimos que o Algarve se tornasse auto-suficiente em termos de sangue, e que, inclusivamente, o fornecesse aos hospitais do Alentejo e de Lisboa”.

No que diz respeito à sua vertente associativa, Mário de Freitas destaca também a intervenção que tem tido nos Bombeiros Voluntários de Portimão, primeiro na Mesa da Assembleia e, desde 2013, na direção e garante sentir “muito orgulho por estar ligado a um dos melhores e mais eficientes quartéis do país”.

(2ª parte de uma reportagem originalmente publicada no Portimão Jornal, que pode ler na versão impressa ou online, aqui. Pode ler a 1ª parte aqui)

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