Opinião

Lagos – A insensibilidade da oferta de cabazes de Natal aos funcionários da Câmara

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Com a chegada de Dezembro, as ruas começam-se a enfeitar, o comércio a mostrar uma face cativante e tudo em redor a dar mostras de um sabor a Natal e a convidar-nos a viver com encanto esta quadra tão especial.

Apesar do frio e desta quadra nos convidar a resguardar, é no encanto do branco, com a neve a cair, que mais conseguimos sentir este dezembro festivo que nos convida à reflexão por entre todo o fervor da sua celebração. E ninguém fica indiferente a esta época festiva com um calendário tão abrangente e capaz de nos levar à sua vivência no seio familiar. 

Mas a abrangência do Natal estende-se bem para além de qualquer ritual que se venha a fazer, de todo o movimento comercial, de um consumismo desenfreado ou de qualquer tentação de o confinar e de o relegar para aspectos de exteriorização que pouco ou nada combinam com a essência da sua celebração.

Associado ao Natal está todo esse movimento que trespassa uma comunidade e cujo espírito envolve toda uma sociedade. E são, por isso, múltiplas e diversificadas as suas manifestações. Desde as empresas que, logo que Dezembro despontava, se reuniam em celebração dando, desta forma, conteúdo a esta celebração. Para além das empresas, associações, grupos informais, organismos do poder central ou mesmo do poder local, reuniam-se em jantares de antecipação para, também, darem expressão a esta época tão significativa. 

Outros natais

E tudo acontecia como forma de convívio, de confraternização, de apertar laços e de se fortalecer essa relação de proximidade, de objectivos mútuos e de solidariedade em torno de um desígnio comum. Logo que Dezembro despontava, não havia dia em que os jantares de Natal não tivessem lugar e em que as manifestações de solidariedade não nos juntassem e mostrassem toda a nossa abertura e boa vontade. 

Mas, entretanto, uma nova realidade começou a propagar-se e, praticamente, proibiu de nos juntarmos e de, por antecipação, começarmos a celebrar o Natal de 2020. É difícil de se entender. Mas a pandemia obrigou-nos a confinar e, em sociedade, praticamente proibiu as nossas confraternizações e essas celebrações que atravessavam todo o mês de Dezembro. E a essa privação de celebração antecipada de Natal também foi sujeita a Câmara Municipal. Mas assim como a de Lagos, também as demais esperam por outros natais.

Em substituição desse jantar de Natal, a Câmara Municipal de Lagos decidiu compensar todos os seus funcionários com um cabaz de Natal. Com este gesto, deu a entender que o jantar de Natal era uma compensação ou um bónus a dar nesta quadra que estamos a celebrar. E para que a pandemia não pudesse beliscar o bónus que se estava a dar, procedeu à sua substituição. E em vez do jantar, nada melhor do que um cabaz de Natal que contemplasse os seus funcionários da Câmara Municipal. 

Espírito do jantar de Natal

Pouca ou nenhuma atenção foi dada ao espírito do jantar de Natal. Este assentava na partilha, no convívio, nos laços a fortificar, no fomento de objetivos comuns, no espírito de solidariedade e nesse espaço de familiaridade e de incentivo de comunidade. E nada disto o cabaz de Natal traz ou fomenta. E, num tempo como este, muitas empresas, muitas famílias e muitas pessoas, por força da pandemia, estão a passar dificuldades difíceis de imaginar.

Seria um gesto de solidariedade, à escala da nossa comunidade, que as verbas desse cabaz fossem canalizadas para quem, inesperadamente, está a necessitar e a passar dificuldades que nunca imaginou que lhes bateriam à porta. Mas para esta generosidade é preciso também haver sensibilidade. E não a houve num acto como este.

Também há quem veja na iluminação de Natal um desperdício que poderia ser aproveitado para reforçar o apoio a quem, e muito, está a necessitar. Mas mais sóbria ou menos sóbria, a iluminação de Natal é essencial para banir um certo espírito depressivo que, com estes tempos, nos pode bater à porta. E é essencial, por todo o tecido urbano de Lagos, preservar e incentivar o espírito de Natal. E, para isso, também a iluminação de Natal dá a sua contribuição para fomentar esta celebração.

Mas, quanto ao cabaz de Natal, é preciso sensibilidade para, em momentos como este, o alargar a toda a comunidade; sobretudo a quem está a passar dificuldades.  

(Opinião, Guedes de Oliveira)

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