Bloco de Esquerda contra desafio de barraquinha da Semana Académica que “configura grave forma de violência sexual”
O Bloco de Esquerda Algarve vem a público “condenar os factos recentemente tornados públicos sobre a barraquinha do curso de Engenharia Mecânica da Universidade do Algarve”.
Em comunicado, aquela estrutura política toma posição sobre o caso que está a agitar a Semana Académica do Algarve. Numa barraca foi colocada, entre outras, a frase “Desafio: mostra as mamas – 10 shots”, com a indicação que as fotos seriam posterirmente colocadas online.
O Bloco considera que essa recolha e divulgação de “imagens íntimas de mulheres sob efeito de álcool” tem “consentimento inválido, configurando uma grave forma de violência sexual”.
Este partido critica, também, “a resposta insuficiente da Associação Académica, que se limitou a condenar frases misóginas, ignorando o padrão estrutural de abuso. O partido denuncia a cultura de impunidade e silêncio na academia, exige responsabilizações concretas, criminalização de todas as formas de violência sexual, e propõe medidas como campanhas de sensibilização, apoio psicológico e revisão da entrada de menores em eventos”.
“Não se trata apenas de frases machistas e misóginas expostas na decoração da barraquinha. Trata-se de uma prática reiterada de exploração da intimidade de mulheres, que configura uma gravíssima violação dos seus direitos, e que não pode ser ignorada ou relativizada como uma simples “brincadeira de mau gosto”. Nenhuma outra barraca se promove através da exposição de fotografias de estudantes a mostrar partes íntimas do seu corpo.” afirma João Costeira, membro do Bloco de Esquerda.
O Bloco adianta que “a recolha e divulgação destas imagens inscreve-se num padrão de violência sexual estrutural e sistémica, semelhante à realidade vivida por milhares de mulheres expostas sem consentimento em grupos de Telegram. Uma realidade que arrasou vidas, destruiu carreiras e deixou cicatrizes profundas na saúde mental de inúmeras vítimas”.
O cabeça de lista daquele partido, José Gusmão, acrescenta ser “urgente esclarecer como é possível que, sendo esta prática uma realidade há mais de uma década, o projeto da barraquinha tenha sido aprovado no concurso organizado pela Associação Académica, ano após ano, após ano. O problema não é de decoro. O problema não é que a sexualidade seja um assunto na Semana Académica ou nos seus espaços, seja de forma séria ou ligeira. O problema é uma abordagem da sexualidade que banaliza e celebra a violência sobre as mulheres”.
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