Economia

Empreendedoras de palmo e meio

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Mariana Pinto e Helena Borralho, de 11 e 9 anos de idade, respetivamente, são duas jovens que dedicam quase todo o seu tempo livre a fazer crescer um pequeno ’negócio’.

A aventura iniciou-se há cerca de nove meses, em pleno período de pandemia. Nessa fase passavam praticamente todos os momentos de ócio que tinham agarradas aos telemóveis, uma vez que as regras de combate ao vírus que então existiam impediam outro tipo de atividades.

Ainda assim, para ‘desenjoar’ um bocadinho resolveram ir em busca de outras formas de se divertir e acabaram a produzir sabonetes e sais de banho.

Numa fase inicial apenas vendiam os produtos às suas famílias, que de bom grado iam abrindo os cordões à bolsa, até como forma de as incentivar a desenvolverem uma ocupação bem menos cansativa – na perspetiva dos adultos – do que a de imitar, a toda a hora, as danças e músicas das vedetas da rede social Tik Tok.

De uma forma geral, e porque as jovens continuam a ter boas notas na escola, os progenitores têm apoiado o projeto e, pontualmente, “até dão algumas ideias que aproveitamos”. Mas, ao verem o enorme afã e o empenho que as pequenas colocam nele, “às vezes dizem que somos um bocadinho malucas”, revelam com um sorriso.

No pátio da casa de uma delas descobriram um contentor abandonado e resolveram fazer dele a sua oficina. Arregaçaram as mangas e, recordam, “limpámos e pintámos todo o interior”.

Com essa fase concluída dedicaram-se à tarefa de encontrar uma pequena mesa e duas cadeiras que, juntamente com umas prateleiras, passaram a constituir o recheio do seu novo espaço de trabalho. E, para dar um ‘toque’ mais informal e aconchegante, levaram para o contentor um bocado de relva sintética que encontraram algures, que serve de tapete, e uma jarra com uma planta, que dá ao espaço um ambiente mais familiar.

Como não era viável continuar a fazer crescer o ‘negócio’ tendo como clientela exclusiva os familiares mais próximos que, aos poucos, começavam a mostrar-se algo resistentes às suas insistentes investidas comerciais, deram voltas à cabeça para conseguir atrair mais compradores.

Fazem praticamente tudo sozinhas

Os seus colegas de escola e amigos foram os alvos seguintes. Correu bem, mas, ainda assim, era pouco para preencher a ambição das jovens empreendedoras. Foi então que passaram a dedicar maior atenção às redes sociais, que converteram em autênticas lojas virtuais.

E, como todos os empreendedores sabem que o mercado português é relativamente pequeno e convém que quem queira triunfar globalmente use a língua inglesa, batizaram o seu projeto com o nome de Smell Good, que promovem no Facebook, Tik Tok e Instagram.

Ao mesmo tempo continuam a aumentar o leque de artigos que têm à disposição dos clientes. Aos sabonetes e sais de banho juntaram produtos como máscaras faciais, esfoliantes, glosses e óleos de massagem em diversas embalagens, cores e cheiros.

Mas como é que, em tão pouco tempo, conseguiram aprender a produzir tantos produtos? A resposta das duas é pronta e simples: “fomos descobrir à internet e a livros”.

Mariana Pinto e Helena Borralho orgulham-se de serem elas próprias a tratar de tudo o que o seu empreendimento precisa. Enfim, de quase tudo, pois como, obviamente, ainda não têm carta de condução, “precisamos que as mães nos levem às lojas e transportem os materiais necessários para fazermos os nossos produtos”.

Mas é só isso, pois, de resto, “fazemos tudo sozinhas”. Com tão tenra idade já se transformaram, portanto, em especialistas não só na vertente da produção, como nas áreas de marketing, vendas, finanças, assistência ao cliente e todas as outras que se revelem necessárias para levar o seu projeto a bom porto.

A importância que dão ao ‘negócio’ leva-as a ter uma preocupação que muitos empresários adultos não revelam: reinvestir quase tudo o que ganham na melhoria e crescimento do produto que apresentam e da loja.

A curto prazo, um dos objetivos passa por fazer alterações no interior das suas instalações, para melhorar as condições de ‘trabalho’ e o visual que, depois, é promovido através das redes sociais.

Reciclar é a palavra de ordem

Outra das suas preocupações, que fazem questão de frisar várias vezes, “é a de reciclar, de procurar dar nova ‘vida’ a algo que já existe”. Isso passa por guardarem e reutilizarem, por exemplo, saquinhos e envelopes que recebem, que depois servem para embrulhar e enviar os seus artigos.

Uma perspetiva que as entusiasma é o facto de no próximo ano letivo passarem a frequentar a mesma escola, o que vai fazer com que “tenhamos mais tempo para nos encontrar, planear coisas e desenvolver ainda mais este projeto, pois gostamos mesmo de fazer isto”.

Dessa forma podem, mais rapidamente, colocar em prática ideias para fazer crescer o seu sonho empresarial. Uma delas é a de “criar um quadro no qual colocamos os nomes dos nossos melhores clientes”.

Também pensam em soluções como a criação de kits com vários artigos, com o objetivo de fazer aumentar o volume de vendas e em soluções para aproveitarem da melhor maneira as alturas do Natal, da Páscoa ou do Dia da Mãe, em que as pessoas têm maior tendência para fazer compras. Esta é, pois, uma atividade na qual colocam muito empenho e dedicação e que querem manter por muitos e bons anos, a par de outra ocupação profissional que, nesta altura, ainda não sabem muito bem qual será, mas que “terá de estar ligado às artes e à criatividade”.

(Este artigo também pode ser lido na edição impressa do Portimão Jornal ou online, aqui)

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