Tozé Brito conta a história das “Doce”

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(Terceira parte da reportagem sobre a passagem de Tozé Brito pelo programa Choque Frontal ao Vivo)

A história da mais famosa girls band portuguesa, as Doce, teve início em meados de 1979, na altura em que desaparece o grupo Gemini, na altura constituído por Tozé Brito, Mike Sergeant, Teresa Miguel e Fátima Padinha.

Tozé Brito, a par da sua atividade de compositor, decidiu aceitar o convite para ser A&R da editora Polygram, Mike Sergeant foi trabalhar com José Cid, ficando a faltar resolver o futuro das raparigas.

Resolveu, então, “criar um grupo de quatro mulheres, aliás, já tinha o embrião, as Cocktail, também fui eu que as juntei, que foi uma experiência falhada, mas aprendemos muito com elas”.

Para além da música, as Doce viviam muito da imagem e da sensualidade das cantores, algo que foi pensado desde o início. Com Teresa Miguel e Fátima Padinha certas, “fomos buscar a Lena Coelho e a Laura Diogo que era afinada, mas das quatro era a que tinha menos voz, mas era bonita, vinha do concurso Miss Portugal e tinha ganho o prémio de Miss Fotogenia no Japão”, pelo que encaixava no projeto que estavam a formar.

O primeiro teste surgiu com a música “Amanhã de Manhã”, composta por Tozé Brito e Mike Sergeant, que, lembra, mal foi lançada, “disparou, foi um sucesso brutal, o que nos obrigou a inventar 10 canções à pressa e fomos a correr para o estúdio, porque elas tinham tanto sucesso que precisavam de fazer espetáculos e não podiam cantar a mesma música uma dúzia de vezes seguidas”.

O arranque em grande estilo estava dado, mas “depois o mais difícil foi mantê-las juntas durante sete anos”, recorda Tozé Brito. O relacionamento entre as quatro nunca foi pacífico, havia frequentes dramas e quezílias, que ele era chamado a mediar.

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Telefonemas às 3 horas da manhã

Numa das crises maiores, o telefone tocou na sua casa pelas 3 da madrugada, “e soube logo que eram elas, pois mais ninguém me ligava àquelas horas”.

E acertou. Do outro lado da linha, uma das Doce “dizia-me que o grupo tinha acabado, já não havia nada a fazer”. Tozé Brito disse para se acalmarem, que ia ter com elas, lá se levantou e viajou de Cascais para o Porto, para colocar água na fervura. Ainda por cima, como não tem carta de condução, quando estas situações surgiam tinha de incomodar um amigo para fazer de motorista.

E, refere, “na maior parte das vezes, os motivos para as zangas eram fúteis, era uma que se queixava que outra lhe tinha pisado o sapato ao entrar em palco ou porque achava que o seu microfone estava mais baixo que o de outras, enfim, coisas deste género, não percebiam que estavam sentadas em cima de um poço de petróleo”.

Normalmente, “duas delas pegavam-se contra as outras duas, mas como não eram sempre as mesmas a ficar do mesmo lado, a primeira coisa que eu tinha de fazer quando havia problemas era perceber quem é que estava do lado de quem”.

Apesar das frequentes discussões, “havia uma certa unidade entre as quatro, podiam estar super irritadas umas com as outras, mas quando subiam ao palco eram altamente profissionais, as coisas corriam sempre lindamente”.

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O fim começou a desenhar-se quando Lena Coelho engravidou. Ainda continuou a atuar durante alguns meses, mas depois teve de ser substituída por Fernanda de Sousa, que, posteriormente, adotou o nome artístico de Ágata.

Tozé Brito diz que “vi logo que aquilo não ia durar muito, sempre pensei que quando uma delas saísse, o grupo acabava”. Mesmo as discussões “já não eram iguais, não eram de pares, a Fernanda sempre se sentiu ‘menor’ em relação às outras e sempre foi tratada de uma forma um pouco sobranceira, digamos assim” e assim se desfez um grupo que deu cartas na música portuguesa e sobre o qual, ainda recentemente, foi feito um filme.

Tozé Brito garante que “cerca de 50% das situações mostradas na película são verdade e as outras 50% são ficção baseados em facto concretos”. Isso passa-se, por exemplo, com o seu personagem. Garante que “eu não era nada daquilo, era um grande amigo delas, não tinha nada aquela postura do editor que lhes diz ‘vá, vamos lá ensaiar, que temos um festival para ganhar’, ninguém trata os artistas assim”.

Percebe e aceita que certos factos tenham sido ficcionados porque “em termos de filme era preciso haver ali uma certa tensão”.

(A gravação do programa pode ser ouvida no sábado, 25 de março, a partir das 20h00, na Alvor FM, em 90.1 ou online, aqui)

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