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Isilda Gomes espera por melhorias nos serviços de Saúde até ao final do ano

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Segunda parte da entrevista à presidente da Câmara de Portimão, Isilda Gomes, em que se fala das questões político-partidárias e da situação que se vive ao nível da prestação de cuidados de Saúde, na região.

Algarve Marafado (AM) – O PS ganhou as últimas eleições autárquicas sem maioria absoluta, mas resolveu o problema fazendo uma espécie de coligação com alguns elementos eleitos pelo PSD. Como é que têm corrido as coisas? Olhando de fora, dá a ideia que têm corrido sem problemas, que não tem tido necessidade de fazer grandes jogos de cintura, como os que o seu camarada António Costa tem sido forçado a fazer para manter a Geringonça a funcionar.

Isilda Gomes (IG) – Quando se tem uma gestão clara, transparente e existe diálogo é fácil trabalhar. Tem corrido tudo muitíssimo bem. Nunca tivemos nenhum problema, até porque quando nós discutimos, se houver dúvidas, elas são esclarecidas, debatidas e chegamos sempre a uma conclusão que nos satisfaz a todos.

Aliás, deixe-me dizer aqui, com toda a clareza e com toda a frontalidade, que trabalhei muito bem com o vereador eleito pelo PSD e teria, certamente, trabalhado muito bem com qualquer outro vereador porque, de facto, tudo aquilo que fizemos foi sempre em prol do melhor para os nossos concidadãos e para a autarquia.

AM – Por aquilo que se vê nas sessões da Assembleia Municipal, tem tido dois tipos de oposição. Da parte do PCP e Bloco é feita uma oposição mais soft e pontual, enquanto que, do lado do PSD e do Servir Portimão, há um combate político bem mais duro…

IG – Não é mais soft, é mais construtiva, a oposição feita por parte da CDU e do Bloco. Ela incide sobre questões reais e concretas e sobre as dúvidas que eles, efectivamente, têm, sendo algumas das quais doutrinais, que eu só tenho que respeitar.

Agora, o problema do PSD e do CDS, ou melhor da coligação do CDS, é outro, não tem nada a ver com dúvidas ou com questões de matéria de fundo. Tem a ver com questões políticas puras e duras.

Eu continuo a dizer que, às vezes, as críticas de algumas pessoas para mim são elogios. Quando alguns membros da Assembleia Municipal me criticam, maior é a certeza que tenho de que estou no bom caminho. Porque isso significa que eles se sentem, de certo modo, defraudados na expectativa de que eu me iria estampar a todo o comprimento.

E, como viram que isso não aconteceu, que a Câmara continuou a trabalhar, que as coisas correram bem, dentro da situação difícil que tínhamos… Eu relembro que quando cheguei aqui tinha 1.300 e muitos credores e, neste momento, já ‘abati’ mais de mil, sem FAM, sem ter dinheiro, sem ter apoio de ninguém.

Penso que isto deveria constituir regozijo para a própria oposição, mas constitui é uma dor. Não sei como hei-de classificar tal atitude, mas, certamente, não a classifico como uma oposição construtiva porque quando se dizem coisas como as que tenho ouvido na Assembleia Municipal, devo chegar à conclusão que ou estão muito desesperados ou estão muito por fora daquilo que é a gestão camarária.

AM – Algumas dessas críticas já a levaram, por duas vezes, a ameaçar levar elementos da oposição a tribunal. Creio que um dos casos já avançou, em relação ao vereador João Caetano, isso também aconteceu?

IG – Não. Deixei cair porque a questão do dr. João Caetano não é considerada, propriamente, uma ofensa capaz de constituir um crime. Tenho o bom-senso de achar que quando tenho que ir [para tribunal], vou, quando não tenho que ir não vou. Pedi aos serviços que analisassem a questão e chegámos à conclusão de que não havia matéria para crime e, por isso, não apresentei queixa contra ele.

Do dr. Bicheiro, de facto, já participei e, neste momento, o processo está em investigação.

AM – Não é um exagero levar as questões políticas para os tribunais?

IG – Mas é que isto não é uma questão política. Quando um membro de um partido com responsabilidades, publicamente, numa sessão do 25 de Abril, diz que as contas da Câmara são fraudulentas, isso não é política. Ele tem de provar que as contas são fraudulentas. Isto não é uma coisa que se possa dizer de ânimo leve.

Mais: esse senhor disse várias vezes que a dívida da Câmara era de 400 milhões de euros. Depois, veio aqui a uma reunião e já ficou pelos 200 milhões. E eu não me esqueço que esse mesmo senhor, na sessão do 25 de Abril, disse – e está gravado – que o FAM nunca seria aprovado.

Em democracia, as pessoas não podem dizer tudo o que lhes vem à cabeça. A democracia não é isto, a democracia é o respeito por mim e pelos outros. E aqui houve, nitidamente, uma falta de respeito para comigo, para com todo o executivo e para com os técnicos da Câmara que fazem um trabalho extraordinário para que esta seja uma autarquia transparente.

Recandidatura é tema tabu, para já

AM – Depois de 3 anos a não ter dinheiro para quase nada a não ser pagar dívida, agora que se abre um novo ciclo, que há a possibilidade de gerir a Câmara de forma mais tranquila, de fazer obra, está a pensar recandidatar-se, não?

IG – O meu partido vai aprovar em reunião de Comissão Política Nacional, os critérios para as candidaturas às câmaras. E, portanto, vou aguardar e depois, quando chegar a altura, certamente, informarei todos da decisão que tomar.

AM – Certamente que não está à espera que o PS confeccione um ‘fato’ autárquico que não lhe sirva a si…

IG – De facto, não estou à espera disso. Mas isso depende também de mim…

AM – E está disponível para continuar?

IG – Há um período de reflexão que todos temos de fazer e, no momento adequado, direi qual é a minha decisão.

AM – Se avançar, do que é que está à espera do outro lado? Fala-se de uma coligação entre PSD e CDS, está à espera disso?

IG – Não estou à espera de nada. Se quiserem fazer coligação, se avançar, terei muito gosto em me defrontar com ela. Se quiserem ir autonomamente, terei, igualmente, muito gosto em me defrontar com quaisquer outros candidatos.

E devo dizer que não tenho preferências. Se me recandidatar, estarei disponível para me confrontar com quem aparecer, seja quem for.

“Não pensem que tenho sido menos dura e reivindicativa”

AM – Na anterior campanha autárquica, uma das suas bandeiras foi a questão da Saúde. Na altura, criticou bastante o então presidente do Centro Hospitalar do Algarve (CHA), Pedro Nunes. Entretanto, ele saiu, o seu partido está no Governo e o cidadão comum não nota assim grandes melhorias na prestação dos cuidados de Saúde. Não terá sido injusta para com Pedro Nunes? Se calhar, a culpa não era toda dele.

IG – A culpa foi dele porque foi ele que colocou a Saúde na situação em que está, com a criação do CHA. Antes dele chegar havia o Hospital de Faro e o de Portimão e tudo funcionava bem. E quando se constituiu o CHA é que ficámos com a situação da forma que a temos hoje. O que estragou ao longo de tantos anos, não se recompõe de um momento para o outro.

Se me pergunta se  gostaria de já ver uma situação melhorada na área da Saúde, obviamente que sim. Também se me perguntar se a minha luta tem continuado, também respondo que sim.

AM – Mas de forma bem mais discreta.

IG – Não é de forma mais discreta, se calhar, é mais reivindicativa nos locais em que devo reivindicar. E posso garantir que tem sido uma reivindicação muito intensa e vou aguardar até ao final do ano para ver o que isto vai dar.

AM – Se as coisas não melhorarem até ao final do ano, o que vai fazer?

IG – No final do ano, alguém me ouvirá dizer alguma coisa. Tenho falado com o sr. ministro da Saúde e como sr. secretário de Estado com muita frequência. Reconheço as dificuldades que tem havido, porque estou a par delas. Também sei como é que elas foram criadas, do que é que resultaram e acredito que, dentro de algum tempo, iremos recuperar aquilo que tínhamos.

Mas não pensem que tenho sido menos dura e reivindicativa. Estou é a levar essas reivindicações a outras fontes, que poderão dar mais frutos.

(A seguir: Isilda Gomes fala dos projectos que tem para Portimão e das portagens na Via do Infante)

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