Política

“Não temos nenhum companheiro de partido a apoiar o Partido Socialista”

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Terceira parte da entrevista a Hélder Renato, presidente da secção de Portimão do PSD. Pode encontrar a primeira parte aqui e a segunda aqui.

Esta foi a primeira ‘Entrevista Marafada’. Muito proximamente, seguir-se-ão outras com protagonistas políticos – e não só – regionais de todos os quadrantes partidários .

Algarve Marafado (AM) – Sente pena que antigos – e creio que ainda actuais – companheiros, depois de eleitos pelo PSD, tenham passado a viabilizar a gestão autárquica socialista em Portimão?

Hélder Renato (HR) –  Vamos por partes. Não temos nenhum companheiro de partido a apoiar o PS.

AM – Já saíram todos do PSD?

HR – Primeira parte: não temos nenhum companheiro de partido a acompanhar o Partido Socialista.

Segunda parte: o PSD está, neste momento, com a sua liberdade democrática colocada em causa. Tivemos dois eleitos na Assembleia Municipal que foram suspensos do partido. Foi comunicado por esta comissão política, após uma reunião com a Comissão Política Distrital – porque formalmente, é ela que coordena os autarcas – que não representavam mais o partido.

O sr. Presidente da Assembleia Municipal de então, por carta, respondeu que enviou essa informação a todos os elementos daquele órgão e que um dos visados disse que não está suspenso porque recorreu e, portanto, que precisava de uma clarificação. Essa clarificação surgiu, faz agora um ano, pelo secretário-geral do partido e pelo presidente da Distrital, numa carta conjunta, dirigida ao sr. Presidente da Assembleia, a dar conhecimento que o dr. Pedro Xavier  [vereador] e o dr. Fernando Imaginário [deputado municipal] tinham sido suspensos sem hipótese de recurso.

Entretanto, infelizmente, o então presidente da Assembleia ficou doente e acabou por falecer e passaram-se dois ou três meses até à eleição da nova Mesa daquele órgão.

O novo presidente acabou por dizer que ia pedir um parecer jurídico sobre aquilo porque não sabia como havia de fazer.

Ou seja, o PSD não tem líder do grupo parlamentar desde 23 de Dezembro de 2013 e está, neste momento, a Assembleia Municipal, por vontade própria, a tratar alguém por presidente do grupo parlamentar quando ele não o é. Acho que é um entrave burocrático à liberdade de nós fazermos oposição.

Nas actas, por exemplo, indicam os votos desses elementos como sendo do PSD. Por isso, todos os actos feitos pela Assembleia HelderRenatQuadrado01Municipal desde 23 de Dezembro de 2013 podem ser impugnados.

AM – E tencionam impugná-los?

HR – Nós não queremos chegar a isso, porque iríamos impugar administrativamente actos que têm causas e efeitos directos nas populações. Nós não somos um partido irresponsável. Não é só por eu achar ou outro achar que representa o PSD que vamos colocar um problema muito grande à cidade e ao concelho. Já temos problemas que cheguem.

Eu percebo o que é que o PS quer. É dizer às pessoas que existem dois PSD’s. Aliás, até já ouvi dizer que há o PSD da Rua Machado Santos e o PSD da Rua Infante D. Henrique [artérias onde se situava a antiga e a nova sede do PSD, respectivamente].

AM – Mas, na prática, não é isso que acontece? O vereador Pedro Xavier ainda é militante do PSD…

HR – Já não é militante do PSD…

AM – Está suspenso, mas é militante.

HR – E o que é a suspensão, segundo os estatutos do PSD? Já alguém foi ver? O Pedro Xavier tem o mandato suspenso durante dois anos e todos os actos que ele cometeu desde o dia em que o Conselho de Jurisdição Distrital levantou o auto até hoje vão contra os estatutos. Assim que ele fizer nova ficha de inscrição tem que passar pela comissão política à qual compete aceitar ou não o regresso. O mesmo se passa com o Fernando Imaginário.

AM – Como é que qualifica a actuação dos elementos que foram eleitos pelo PSD e depois, à revelia desse partido, fizeram um acordo com o PS?

HR – Tanto o Pedro Xavier como o Fernando Imaginário, como o sr. Filipe Silva, que foram eleitos pelo PSD, fazem dos seus mandatos o que bem entenderem, como independentes. Não representam o partido nem podem ser líderes do grupo parlamentar.

O nosso problema é que o sr. presidente da Assembleia Municipal está a ser um travão à liberdade democrática porque nós não estamos representados em comissão nenhuma e não queremos os quatro eleitos com tempo [de intervenção na Assembleia]. Nós queremos o tempo atribuído aos membros eleitos que representam o PSD.

É só isto que nós queremos. Eles que criem um grupo parlamentar independente e o senhor fica líder desse grupo não alinhado… Aconteceu isso em tantos municípios, mas em Portimão tem de ser diferente. É engraçado, não é?

COLIGAÇÃO ESTÁ NA CALHA

AM – Há pouco disse que o PS já está em campanha para as autárquicas. E o PSD também está a preparar-se para as próximas eleições locais?

HR – O PSD está a preparar as eleições autárquicas já há algum tempo. Um partido desta dimensão, que aspira a ser poder, não pode chegar a uma candidatura apenas a dizer “nós somos o PSD e temos aqui o nosso candidato e vamos concorrer”. Fazendo isso, perdemos, como sempre temos perdido.

O PSD quer contribuir para uma mobilização para a vitória. Nós queremos perceber exactamente o que é possível apresentar ao concelho para que a população se reveja numa candidatura alternativa que seja credível.

Isso faz-se em duas fases: primeiro com uma organização interna muito forte, que nós, neste momento, já temos.

Depois, temos que nos organizar junto da comunidade. Nesse sentido, no ano passado, fizemos uma série de reuniões com associações e instituições e, a partir do próximo dia 11, iremos lançar uma nova campanha, vamos bater outra vez à porta de todas as associações e fazer o ponto de situação.

Depois, temos a segunda fase, a forma de fazer oposição. Uma alternativa credível não pode ser uma oposição que anda todos os dias a fazer comunicados e a queixar-se de tudo. Até porque temos do lado de cá pessoas que sabem que não é fácil governar. Esta mobilização é de construção.

Já fizemos reuniões e contactos com alguns movimentos e partidos dentro do concelho a ver se éHelderRenatQuadrado02
possível arranjar valores – e vamos começar por aqui – e questões identitárias comuns para ver se podemos ou não celebrar um acordo.

AM – O vosso objectivo é irem para eleições numa coligação com outros partidos?

HR – Podemos fazer com outros partidos ou não, mas, essencialmente, com pessoas. As eleições autárquica são demasiado personalistas para se pensar que são apenas um conjunto de votos do PSD, do CDS, do PPM, do PCP, do Bloco de Esquerda, do Nós, Cidadãos!, daqueles que forem.

Está fora de questão fazermos uma coligação eleitoral apenas e só para juntar votos. Isso não interessa. O PSD pretende fazer uma mobilização social onde estão os partidos e onde também estão pessoas. A ideia é: dentro de valores e pressupostos comuns conseguirmos apresentar uma alternativa credível.

Talvez tenhamos condições para, no final do ano, já ter quem personifica e corporiza este movimento.

AM – Acha que há em Portimão alguém que possa unir esse movimento e ser candidato com fortes hipóteses de ganhar?

HR – Acho que sim. Há militantes e não militantes que podem ser excelentes candidatos.

AM – Não teria maiores possibilidades se fosse buscar alguém de fora de Portimão, não identificado com as guerrilhas internas?

HR – Qual é a mais valia para um projecto que quer mobilizar a sociedade portimonense sendo corporizado por alguém  – por exemplo, o Santana Lopes – que não saia deste extracto social? Era mobilizador para a sociedade ou era mobilizador de um grupo determinado de pessoas que pensa como eu? Claramente que, para mim, seria um excelente candidato à Câmara de Portimão, mobilizaria muito o partido, mas, se calhar, não mobilizaria a sociedade.

AM – Há uns anos atrás, houve um grupo de militantes que queria ter como candidato Joaquim Piscarreta, que tinha acabado de deixar o Parlamento Europeu, tinha sido presidente da Câmara de Lagoa e, portanto, entendiam que tinha experiência, conhecimentos e já demonstrara saber ganhar eleições. Essa hipótese acabou por se gorar, mas não acha que poderia agora pôr-se uma hipótese do género, não com essa pessoa, mas, por exemplo, com o actual presidente da Câmara de Monchique, Rui André, de quem o senhor é chefe de gabinete?

HR – O Rui André está muito bem à frente dos destinos de Monchique e tem mais um mandato para cumprir aquilo que ele prometeu às pessoas, que eram 12 anos em Monchique. Está completamente fora.

Como calcula, tenho um bom relacionamento com ele, mas, claramente, ele deve ser recandidato. Aliás, ele afirmou, há pouco tempo, numa entrevista, que estava a meio deste percurso.




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